A chamada “Super Quarta” trouxe decisões estratégicas de política monetária que evidenciam caminhos distintos seguidos por Brasil e Estados Unidos. Enquanto o Federal Reserve (FED) optou por manter a taxa de juros estável entre 4,25% e 4,50% ao ano, priorizando a recuperação econômica em meio a uma recessão técnica e um déficit histórico na balança comercial, o Banco Central brasileiro segue mantendo os juros elevados, atualmente com a Selic em 13,75% ao ano.
Para Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados), a decisão do Banco Central do Brasil atua como um “freio” à atividade econômica, em contraste com as medidas internacionais que buscam estimular consumo e investimentos.
Juros elevados e desafios econômicos
Queiroz criticou a continuidade da política de juros altos no Brasil, ressaltando que ela favorece o rentismo e a especulação financeira em detrimento da geração de empregos e do investimento produtivo. “O mundo vive um ciclo neoprotecionista, fortalecendo a produção e os mercados internos. No Brasil, a manutenção da Selic nos patamares atuais vai na contramão desse movimento”, afirmou.
Segundo o economista, uma política mais adequada seria, no mínimo, manter a taxa estável, com um ciclo de redução sendo ainda mais desejável diante do atual cenário econômico global e interno.
A necessidade de revisar as metas de inflação
Outro ponto levantado pela nota oficial da APAS é a urgência de repensar o modelo de metas de inflação adotado no Brasil. Atualmente, o índice inclui componentes como alimentação e energia elétrica, que possuem baixa sensibilidade às taxas de juros.
“A adoção desse índice estimula uma política monetária excessivamente conservadora, resultando em juros estruturalmente elevados. É necessário adotar as melhores práticas internacionais, que incluem metas de inflação mais adequadas e objetivos mais amplos para o Banco Central, como metas relacionadas ao emprego, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos”, defendeu Queiroz.
Reflexos para o consumidor e a economia
A política de juros altos tem impactos diretos no consumo, nos investimentos e na geração de empregos, fatores essenciais para o crescimento econômico sustentável. Segundo especialistas, o Brasil precisa alinhar sua política monetária às práticas globais, considerando os desafios econômicos internos e o cenário internacional em transformação.
O debate sobre a revisão das metas de inflação e a ampliação dos objetivos do Banco Central é crucial para promover uma economia mais equilibrada e voltada ao desenvolvimento de longo prazo. Enquanto isso, consumidores, investidores e empresários seguem acompanhando de perto os próximos passos da política monetária brasileira.





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