18 de abril de 2024

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Parece Europa, mas este é o Afeganistão antes da Era talibã

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Neurocientista com formação em história e antropologia, Fabiano de Abreu lembra o passado conturbado do país que se tornou a grande preocupação mundial dos dias atuais.

 

Quem observa as fotos do Afeganistão nos anos 1960 pode ter uma sensação única e mista de curiosidade e incredulidade. Quem vê as imagens atuais de mulheres todas cobertas não imagina que até poucos anos atrás elas tinham a liberdade de usar saias ou terem seus cabelos à mostra nas ruas de Cabul e demais cidades daquela nação.

 

Estes registros foram feitos por um professor norte-americano chamado Bill Podlich. Em 1967, ele viajou para o país a serviço da Unesco e atuou como Conselheiro de Princípios de Educação. Com sua câmera, ele conseguiu captar imagens do que era o Afeganistão antes da invasão soviética e, principalmente, da instalação do regime autoritário do Talibã.

 

Quando se observa a história do Afeganistão, é preciso lembrar que o país já passou por uma série de invasões, reconquistas, revoluções, conflitos étnicos e políticos ao longo de vários séculos. Conforme lembra o PhD, neurocientista, historiador com pós em antropologia Fabiano de Abreu, “como se pode ver, até um pouco além da metade do século XX o rosto do país era uma cultura ocidentalizada, totalmente diferente de uma imagem de uma nação pobre, politicamente instável e sempre às voltas com o medo de uma bomba estourar e causar efeitos devastadores”.

 

“O país que no século XIX teve que enfrentar exército anglo-indiano durante algumas oportunidades. Tanto é que em um destes litígios, o líder Dost Muhammad foi deposto. Seu neto, Abd-ar-Rahman, teve que ceder territórios do país aos britânicos após uma derrota nesta disputa”, pontua Fabiano.

Fabiano de Abreu

 

Vale lembrar que foi apenas há 102 anos, em pleno século XX, que o país declarou sua independência. “Iniciou um crescimento político e econômico, e é claro, modernização, pois as mulheres passaram a ter o direito de estudar. Na década de 1940, o país ingressou na Organização das Nações Unidas. Trinta anos depois, a república foi proclamada. Pouco tempo adiante, um golpe deu início a um programa socialista, e tudo mudou”, detalha Abreu.

 

Para vencer o controle socialista imposto pela União Soviética, um grande conflito marcou os anos 1980. “Depois de nove anos de guerra, quinze mil soldados soviéticos foram mortos, o que fez com que este litígio fosse chamado de “Vietnã Soviético”. Depois disso, o Afeganistão se tornou uma república islâmica. Além disso, uma assembleia nacional, composta por um grande número de facções rivais, líderes tribais e religiosos, aprovam a criação de um novo parlamento”, conta Abreu.

 

Foi quando a questão se tornou interna. Com tantos grupos diversos, um deles cresceu e apareceu: o Talibã, um grupo fundamentalista financiado pelo vizinho Paquistão. “De lá para cá, o grupo cresceu, tomou o poder e teve que se retirar quando os Estados Unidos invadiram o país após os atentados de 11 de setembro. Foram 20 anos de controle norte-americano, que terminaram recentemente”, destaca.

 

Agora, em pleno 2021, os americanos saíram de cena. Mas, para surpresa geral, o Talibã reassume o poder. “Enquanto isso, a história está escrevendo mais um capítulo diante de nossos olhos, sem termos a mínima ideia de como este filme real vai terminar. Hoje tememos a volta do terrorismo, sentimos pelas mulheres, vemos o apoio da China e da Rússia, numa guerra fria que parece nunca terminar”, completa o neurocientista e historiador.

Divulgação / MF Press Global

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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