Entre homenagens e críticas, Câmara de Santa Bárbara cria CPI para investigar Santa Casa
Por Dennis Moraes
A 16ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste, realizada nesta terça-feira (6), expôs o contraste entre as prioridades do Legislativo barbarense. Enquanto a maior parte do tempo foi dedicada a homenagens, houve momentos pontuais de fiscalização efetiva, como a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) liderada pelo Vereador Felipe Corá (PL) para investigar os repasses de recursos públicos à Santa Casa de Misericórdia.
O principal avanço na sessão foi a coleta de assinaturas para a criação da CPI que será aprovada em breve, ela irá apurar possíveis irregularidades na aplicação dos recursos repassados pela Prefeitura à Santa Casa. Com 85% de sua receita oriunda desses repasses, a instituição filantrópica enfrenta questionamentos sobre transparência, gestão financeira e conformidade com princípios constitucionais da administração pública.
A CPI será composta por cinco vereadores e terá 90 dias, prorrogáveis, para investigar falhas na prestação de contas e possíveis irregularidades contratuais. Essa iniciativa surge como uma resposta às crescentes reclamações sobre a qualidade dos serviços prestados pela Santa Casa e reforça o papel fiscalizador da Câmara.
Curiosamente, a criação da comissão enfrentou resistência. Votaram contra os vereadores Alex Dantas (PL), Cabo Dorigon (PODEMOS), Juca Bortolucci (MDB), Tikinho TK (DC), Gustavo Bagnoli (PL), Joi Fornasari (DC), Kifu (PL), Lucia Donizete (AGIR), Marcelo Cury (REPUBLICANOS), Rony Tavares (REPUBLICANOS) e Careca do Esporte (PRD).
Outro ponto relevante foi a presença do secretário municipal de Saúde, Marcus Pensuti, que respondeu a questionamentos sobre os desafios da rede pública. Apesar da gravidade das denúncias, como superlotação nos prontos-socorros e falta de medicamentos, a maioria dos vereadores adotou uma postura branda, evitando cobranças diretas.
Somente Isac e Felipe Corá destacaram-se com críticas firmes, apontando a precariedade do sistema de saúde e cobrando ações efetivas do secretário. A condução da sabatina pelo presidente da Câmara, Júlio César Kifú, foi alvo de críticas por sua falta de firmeza, resultando em um debate pouco produtivo.
Outro ponto que chamou a atenção foi a postura do presidente da Câmara, Júlio César Kifú, ao comandar a sabatina. Com uma condução pouco firme, Kifú evitou intervir em respostas evasivas e falhou em criar um ambiente de cobrança direta ao secretário de Saúde. Sua atuação foi marcada por uma falta de liderança que comprometeu o objetivo da convocação, deixando a sensação de que a sessão estava mais voltada para formalidades do que para resolver os problemas reais da saúde pública barbarense.

Enquanto a CPI foi o destaque positivo da reunião, a pauta esteve recheada de homenagens. Entre as nove moções aprovadas, houve aplausos ao União Agrícola Barbarense pela conquista na Série A3, ao produtor cultural Ricardo Santa Fé, e a empresas e personalidades locais. Embora legítimas, as homenagens reforçam a percepção de que o Legislativo prioriza celebrações em detrimento de discussões mais urgentes.
A reunião evidenciou uma Câmara dividida entre homenagens, críticas tímidas à gestão municipal e momentos pontuais de fiscalização. A aprovação da CPI que será oficialmente protocolada amanhã (08) mostra um esforço em cumprir o papel fiscalizador, mas a postura branda da maioria dos vereadores frente à crise na saúde deixa a população com dúvidas sobre as reais prioridades do Legislativo.
Assinaturas da CPI até o momento. A Vereadora Esther Moraes irá assinar digitalmente pois está em agenda na capital federal Brasilia.
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