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Audiência de Saúde expõe distanciamento entre discurso oficial e realidade da população

Secretário de Saúde Marcos Pensutti e Vereador Marcelo Cury - Foto: divulgação

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Em vez de fiscalizar, vereadores governistas atuam para defender o secretário Marcos Pensutti e o prefeito Piovezan

 

Na manhã desta quinta-feira (29), a Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste sediou a Audiência Pública de Saúde referente ao 1º quadrimestre de 2025. Presidida pelo vereador Marcelo Cury (REPUBLICANOS), responsável pela Comissão Permanente de Política Social, a audiência teve como proposta apresentar os dados de atendimentos e investimentos realizados pela Secretaria Municipal de Saúde. No entanto, a sessão rapidamente se transformou em palco de embates políticos, manobras para defender o governo e confronto direto com a oposição.

O vereador Marcelo Cury adotou uma postura claramente parcial ao longo da audiência, utilizando seu espaço como presidente da comissão para proteger o Executivo e o secretário de Saúde, Marcos Pensutti, chegando a confrontar colegas parlamentares que buscavam esclarecimentos sobre problemas enfrentados pela população nos serviços de saúde. Essa conduta levantou questionamentos sobre a independência do Legislativo e a real função de fiscalização dos vereadores da base governista.

A audiência foi acompanhada por munícipes e também por diversos servidores da Prefeitura, identificados pelas câmeras de transmissão. Em vários momentos, foi possível observar gestos de deboche partindo da plateia, principalmente quando críticas eram feitas à atual gestão. A cena expôs o clima de blindagem política e distanciamento entre o discurso oficial e a dura realidade vivida por quem depende da saúde pública no município.

Mesmo diante das tentativas de minimizar os problemas, a participação popular foi fundamental. Cidadãos barbarenses ocuparam o plenário e assistiram, com atenção, à exposição dos dados e às respostas do secretário de Saúde, que foi questionado diretamente pelo jornalista Dennis Moraes, do SB24Horas.

“Houve denúncias ou reclamações formais registradas na ouvidoria da Saúde? Quais foram as principais queixas da população nesse primeiro quadrimestre?”, questionou o jornalista.

Em resposta, o secretário Marcos Pensutti apresentou os números da ouvidoria entre janeiro e abril: 130 manifestações relacionadas à gestão, 221 à assistência à saúde, 30 à vigilância sanitária, 29 à vigilância em saúde, 22 à assistência farmacêutica, 15 à odontologia, 6 ao transporte, 5 a produtos de saúde e correlatos e 1 a alimentos. Os dados revelam que a maior parte das queixas se refere diretamente ao atendimento nas unidades, o que reforça a insatisfação dos usuários com o sistema atual.

Questionado sobre as ações efetivas da Secretaria de Saúde no combate à dengue e outras arboviroses, Pensutti afirmou que foram abertos anexos de atendimento no Afonso Ramos e na unidade do Edson Mano, com salas de hidratação para pacientes. O secretário destacou ainda o trabalho da equipe de Zoonoses no controle dos vetores e a criação do COE (Centro de Operações de Emergência), grupo responsável por integrar ações entre diferentes secretarias. Segundo ele, essas medidas ajudaram a reduzir os casos e a cidade estaria “saindo da crise da dengue”.

Outro ponto levantado durante a audiência foi a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde. “A secretaria está preparando um plano de ação para corrigir eventuais falhas apontadas pela CEI ou está aguardando o desfecho da investigação para agir?”, indagou Dennis.

O secretário respondeu que ainda não há uma comissão oficialmente instaurada, mas que, caso a CEI avance, a pasta “vai fazer os saneamentos necessários e tomar as medidas de acordo com os apontamentos que forem apresentados”.

A pergunta final do jornalista tratou diretamente da responsabilidade política: “Se for comprovada má gestão ou negligência na condução de contratos, o senhor considera se afastar do cargo como medida de responsabilidade e transparência?”

Marcos Pensutti evitou uma resposta direta. Limitou-se a dizer que tudo será analisado conforme a condução da CEI: “Tudo terá que ser visto de acordo com o que tem que ser feito. A gente tem que lembrar que a questão de gestão de contratos é auditada, tudo é visto e terá que transcorrer de acordo com a sequência da CEI.”

 

A audiência pública terminou sem respostas concretas para diversos problemas vividos pela população. Ficou clara a tentativa de blindagem por parte dos vereadores da base do prefeito Rafael Piovezan, que parecem mais preocupados em proteger o governo do que em cobrar soluções. A condução parcial de Marcelo Cury também gerou indignação e reforçou a sensação de que a saúde pública da cidade carece de gestão técnica, responsabilidade política e coragem para enfrentar os problemas de frente.

O Portal SB24Horas reforça seu compromisso com o jornalismo independente e conclama a população a participar mais ativamente das sessões da Câmara Municipal. Fiscalizar os vereadores, acompanhar as discussões e cobrar posicionamentos é direito de todo cidadão. O salário dos parlamentares é pago com dinheiro público — e deve, sim, ser fiscalizado pelo povo.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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