Quando cidadãos defendem privilégios e se voltam contra quem fiscaliza, revela-se uma sociedade adoecida pela ignorância e contaminada pela cegueira partidária
Por Dennis Moraes
Receber críticas por fazer jornalismo investigativo é esperado. Mas o que surpreende — e preocupa — é o tom das críticas. Em vez de indignação com os abusos, vemos defesa apaixonada de quem deveria prestar contas à população. Quando uma matéria que expõe gastos públicos desproporcionais gera mais fúria contra o jornalista do que contra o gestor, temos um sintoma claro: estamos adoecendo como sociedade.
Santa Bárbara d’Oeste vive um momento emblemático. A Câmara Municipal é, em grande parte, submissa, omissa ou decorativa. A oposição é rasa ou oportunista. E o cidadão, que deveria exigir mais responsabilidade dos políticos, prefere atacar quem denuncia. Não se trata de escolha partidária. Trata-se de consciência.
É como se parte da população tivesse internalizado que é melhor bajular o político de estimação do que exigir o mínimo: respeito ao dinheiro público. Esse comportamento não é inofensivo. Ele gera um ciclo de retrocesso onde o fiscalizador vira vilão, e o abusador vira “líder visionário”. O nome disso é emburrecimento social — e ele não começa nos bancos escolares, mas sim na idolatria política.

Estamos acostumados a ver torcedores fanáticos em estádios, não em sessões legislativas ou comentários de redes sociais defendendo prefeitos como se fossem ídolos intocáveis. O resultado? Um Legislativo fraco, uma população anestesiada e uma imprensa que sofre ataques por cumprir sua função.
Quando o povo não compreende que questionar gastos públicos é um ato de cidadania, não de perseguição, abre-se caminho para a impunidade. A crítica fundamentada se transforma em “ataque”, a denúncia se transforma em “inveja”, e a verdade passa a ser tratada como ameaça.
Não há democracia plena sem imprensa livre, mas também não há avanço com um povo que idolatra políticos e silencia diante de abusos. A crítica construtiva é parte essencial do progresso. O aplauso cego é a senha para o colapso moral.
Que Santa Bárbara — e o Brasil — despertem antes que seja tarde. Porque o custo do silêncio é sempre mais alto do que o custo de um almoço caro.
Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e Diretor de Jornalismo do SB24Horas. Acesse: dennismoraes.com.br
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