Vivemos uma geração de angústias, tristezas e ansiedade.
Nada de se espantar se percebermos que, à atual geração, foi dada uma missão um tanto quanto ingrata: ser feliz.
E é provável que você, do outro lado da tela, esteja pensando: mas isso é muito simples!
Mas esse é o problema.
O senso de utilidade está na base da motivação humana. Nós vemos propósito naquilo que precisamos realizar, conquistar ou tomar para si.
É a regra da vida, é a regra da natureza.
Vemos sentido e propósito em coisas que estão além de nós, que vão além (embora essa não seja necessariamente a melhor receita para a felicidade).
Aos nossos pais foi muito mais simples encontrar um propósito, pegá-lo nas mãos. Na sociedade do pós-guerra, a ordem para os jovens era clara: ganhem dinheiro, conquistem o mundo, vocês podem tudo que quiserem. E lá foram eles impulsionados pelo milagre econômico capitalista dando sentido às suas vidas através do trabalho e do ter.
Mas tudo aquilo também gerou insatisfação. Acumulando riquezas, os pais perceberam que não eram felizes e passaram a dizer aos filhos que compõem a geração atual: sejam felizes, pois eu já sofri e trabalhei por você.
Como se a vida fosse uma composição de várias vidas: faço nessa geração para que a próxima usufrua.
E assim tiraram da geração atual o que mais molda o caráter, a motivação e o senso de utilidade.
O peso de precisar ser feliz é ingrato, afinal, na história da humanidade, ninguém deu a resposta sobre onde e como alcançar a felicidade. Mas eles deram a missão mais ingrata e nunca alcançada para a geração atual: seja feliz.
Como se pedissem: façam o que nós não conseguimos.
Mas há uma diferença absurda entre conquistar coisas e se alcançar a felicidade, um conceito abstrato, individual e complexo.
A angústia da geração que precisa ser feliz é a angústia de toda uma geração que colocou o sentido das suas vidas fora de si e não encontrou felicidade.
E a busca continua.
Ser feliz não é fácil. Nunca foi e nunca será.
Por Vieira Junior
Psicanalista, especialista em gestão de pessoas