O vereador Marcelo Cury (Republicanos) apresentou a Indicação nº 2.535/2025 sugerindo à Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste a presença de uma ambulância com equipe de pronto atendimento na Praça Central durante os finais de semana. A proposta tem como objetivo garantir uma resposta mais rápida em casos de emergência médica no principal ponto de encontro da cidade, especialmente aos sábados e domingos, quando há feiras, eventos culturais e intensa circulação de pessoas.
Segundo o parlamentar, a medida proporcionaria mais segurança à população e reforçaria a cobertura do atendimento de urgência. “A presença da ambulância poderá reduzir riscos e otimizar o tempo de resposta dos serviços de saúde em locais de grande público”, justificou Cury.
Apesar da boa intenção e do apelo popular, a proposta levanta importantes questionamentos sobre sua viabilidade prática e o impacto financeiro aos cofres públicos. Manter uma ambulância estacionada na Praça Central por dois dias inteiros por semana exige recursos consideráveis: equipe técnica especializada, combustível, manutenção do veículo e uma estrutura mínima de apoio. Além disso, a sugestão não foi acompanhada de nenhum dado estatístico sobre a frequência de ocorrências no local que justifique tal medida.
Faltou, também, criatividade na proposição. Em vez de concentrar a responsabilidade no sistema público de saúde, a proposta poderia ter explorado modelos de parceria público-privada (PPP). Um exemplo viável seria firmar um convênio com algum hospital ou plano de saúde particular da cidade, permitindo que uma ambulância privada, com suporte básico, pudesse ficar de prontidão nos horários de maior movimento. Essa ação compartilharia custos e traria visibilidade institucional às empresas parceiras, ao mesmo tempo em que atenderia à população.

Essa alternativa, porém, não foi cogitada pelo vereador nem por sua assessoria, o que reforça a impressão de que a proposta, embora bem-intencionada, foi elaborada sem planejamento técnico aprofundado. Especialistas em gestão pública apontam que decisões na área da saúde devem ser guiadas por dados, prioridades e planejamento de médio e longo prazo. “É preciso saber se há demanda comprovada, se há estrutura disponível e se a frota atual já cobre a região com eficiência antes de criar novas despesas”, comentou um servidor da saúde, sob anonimato.
Outro ponto de atenção é que iniciativas como essa — caso adotadas sem critério — podem abrir precedentes para pedidos semelhantes em outras regiões da cidade, como no Parque Araçariguama, na Praça da Migração ou em bairros onde há atividades esportivas e culturais. A cidade teria estrutura suficiente para isso?
Sem dados concretos nem uma proposta estruturada de custeio, a sugestão corre o risco de ser mais um gesto simbólico com fins políticos do que uma solução real. O tema é importante, mas exige mais do que uma indicação — requer planejamento, diálogo com a sociedade civil, envolvimento da iniciativa privada e, acima de tudo, responsabilidade com o uso do dinheiro público.
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