Inovações na área cirúrgica oferecem soluções menos invasivas
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma condição comum entre os homens, afetando cerca de 50% do público masculino acima dos 50 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Após os 90 anos, o percentual é ainda maior: pode acometer cerca de 80% deles.
O aumento da incidência está associado ao avanço da idade, à presença de hormônios sexuais e a fatores genéticos. A SBU afirma que, ao longo da vida, 30% dos homens precisarão passar por algum tipo de tratamento para HPB.
Quando o uso de medicamentos não surte efeito, a cirurgia se torna uma necessidade para aliviar os sintomas causados pelo crescimento da próstata, como a obstrução da saída da bexiga (uretra prostática).
Mas, nos últimos anos, os avanços tecnológicos possibilitaram procedimentos minimamente invasivos, beneficiando os procedimentos realizados para tratamento de tumores benignos e para a cirurgia oncológica, com recuperação mais rápida e menor risco de complicações.
Entre essas inovações, a enucleação a laser da próstata com holmium (HoLEP, na sigla em inglês) tem se destacado. O procedimento é realizado via endoscópica, sem cortes, por meio da uretra. Com o uso de um laser de alta potência, o tecido prostático aumentado é removido de forma completa, reduzindo a chance de recidiva da doença.
De acordo com o urologista Alexandre Iscaife, a técnica pode ser considerada definitiva para pacientes com HPB, independente do tamanho da próstata, com resultados a curto, médio e longo prazo.
Quando comparada à cirurgia aberta e à ressecção transuretral da próstata (RTU), Iscaife destaca que ela pode ter diversos benefícios, como o menor tempo de internação, a recuperação mais rápida e a redução do risco de sangramento intra e pós-operatório, além de não interferir na função sexual, na libido e no orgasmo.
Comparação com outras técnicas
Estudo publicado no World Journal of Urology também comparou o HoLEP com a aquablação, outra técnica para tratar a HPB, que utiliza a tecnologia de um jato de água de alta pressão para eliminar o excesso de tecido prostático.
Embora a aquablação tenha demonstrado benefícios iniciais na preservação da ejaculação e da continência urinária em três meses, a pesquisa concluiu que o HoLEP se sobressai em termos de tempo de operação, segurança e resultados volumétricos.
O urologista Carlo Passerotti explica que o HoLEP utiliza um laser de alta energia para ressecar o tecido prostático em excesso, que é deslocado para a bexiga e fragmentado com um equipamento chamado morcelador, permitindo sua retirada pelo canal urinário.
Além do HoLEP, Passerotti menciona outra tecnologia a laser aplicada no tratamento da HPB: o Green Laser ou fotovaporização a laser verde. A técnica se diferencia por utilizar um laser de diodo que é absorvido pela próstata, promovendo a vaporização do tecido em alta temperatura.
No entanto, ele enfatiza que ambos os métodos dependem da experiência do cirurgião para garantir os melhores resultados, reforçando a importância de buscar profissionais especializados na área.
Avanços cirúrgicos para rastreamento e tratamento do câncer de próstata
Os avanços tecnológicos na urologia também têm beneficiado o tratamento e o rastreamento do câncer de próstata, condição que mata um homem a cada 38 minutos no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Novas abordagens cirúrgicas contribuem para diagnósticos mais precisos e procedimentos menos invasivos, como a prostatectomia robótica.
A técnica permite a remoção parcial ou total da próstata, sendo indicada em casos mais avançados da doença. De acordo com o urologista Sérgio Andurte Carvalho Duarte, em entrevista à imprensa, essa tecnologia representa um avanço em relação às cirurgias tradicionais.
Ele explica que, apesar de demandar mais tempo de execução, a abordagem robótica reduz o sangramento intraoperatório, encurta o período de internação e diminui os riscos de complicações, como incontinência urinária e disfunção erétil. Além disso, o procedimento permite uma abordagem mais conservadora, minimizando danos às estruturas adjacentes e favorecendo melhores resultados oncológicos e funcionais.
Outra inovação que tem favorecido o rastreamento do câncer de próstata é o uso da Inteligência Artificial (IA) na análise de amostras de tecido e exames de imagem. Conforme pontua o uro-oncologista Bruno Benigno, a tecnologia é capaz de identificar padrões e acelerar a avaliação diagnóstica.
A IA permite identificar pacientes com tumores mais agressivos e diferenciar aqueles que podem seguir um tratamento conservador daqueles que necessitam de uma intervenção intensiva.
Isso é possível através da digitalização de fragmentos de biópsias que, ao integrar dados clínicos e preditivos, aprimora a tomada de decisões médicas, beneficiando o manejo da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
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