Por Dr. Cassio Faeddo
Se a vitória se repetir na eleição para presidente haverá efeitos para negócios que envolvem o Mercosul. Verdadeiro balde de água fria nas relações bilaterais Brasil-Argentina.
A vitória esmagadora com cerca de 48% dos votos da chapa de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner na vice-presidência, impactou muita gente no Brasil. Expressiva derrota do atual presidente Mauricio Macri.
Se a vitória se repetir na eleição para presidente haverá efeitos para negócios que envolvem o Mercosul. Verdadeiro balde de água fria nas relações bilaterais Brasil-Argentina.
Segundo, indica, e não é necessário vidência para tal, que a fatura pelo ataque aos direitos dos trabalhadores – aqui no Brasil iniciado na indefectível reforma trabalhista de Michel Temer – haveria de chegar.
E por aqui a pataquada continua com a inserção de soluções mirabolantes inseridas na MP 881, denominado como da Liberdade Econômica, que consegue até a proeza de afastar pais e mães do convívio dos filhos ao roubar-lhes até mesmo um domingo de comunhão por mês. Esse é o nível das soluções propostas em Brasília por alguns políticos.
A preocupação com a prisão do ex-presidente Lula é inócua, pois a imagem de criador de dez milhões de empregos habita a mente da população mais e mais a cada dia que passa.
Não, não se trata de uma ode ao ex-presidente, mas uma constatação. Seu discurso não encontrou adversário em nenhum outro ator político.
Poucos relacionam Lula com o fracasso de Dilma como fazem políticos e parte da classe média, principalmente.
No Brasil, que sequer chegou ao estado do bem estar social, a maioria da população é extremamente sensível a temas simples como vale transporte, cesta básica, auxílio creche, como exemplos.
E aí está o mote para as eleições municipais e para 2022.
Quem clama pelo ultraliberalismo hoje, ou tem memória curta ou era muito jovem para lembrar da quebra das hipotecas em 2008 e deletérios efeitos durante anos. Curiosamente, quem foi chamado para resolver a crise foi a ficção do estado na forma de contribuinte. Ou seja, de uma forma ou de outra, pagamos a conta.
E assim caminhamos. O PT se agarra em Lula, pois Lula livre ou preso pode fazer o novo presidente da república. Não porque dotado de poderes místicos, mas porque ainda tem o monopólio do discurso social e uma história para contar.
Está aí a razão porque logo Lula será relacionado diretamente à solução dos problemas da vida dos pobres.
Não é Cristina nem Lula, é o discurso.
Cássio Faeddo – Advogado. Mestre em Direitos Fundamentais, MBA em Relações Internacionais – FGV SP.