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O jogo de interesses na venda de medicamentos: quem realmente está preocupado com a saúde da população?

Imagem: Divulgação

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Por Rafael Teixeira, CEO da Clínica da Cidade

 

 

A recente discussão entre a Drogasil e o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), sobre a possibilidade de venda de medicamentos sem prescrição em Supermercados, levanta uma questão central: até que ponto esse debate realmente se preocupa com a saúde da população e não apenas com interesses comerciais? É interessante notar, que enquanto as farmácias defendem que os medicamentos devem ser vendidos exclusivamente em seus estabelecimentos, elas próprias têm expandido suas atividades para além da venda de remédios, oferecendo vacinas, exames rápidos e simples. 

Além disso, há uma iniciativa das farmácias de buscar parcerias com planos de saúde para oferecer atendimento inicial de baixa complexidade em suas unidades, o que levanta dúvidas importantes sobre sua real atuação no contexto de saúde da população. Acredito na sinergia entre diferentes áreas para aprimorar o sistema e oferecer todas as possibilidades que melhoram e garantem o bem-estar das pessoas.  No entanto, é preciso garantir que a qualidade do atendimento e a segurança do paciente sejam sempre priorizadas.

É preciso transparência e uma análise crítica dos interesses em jogo para que a saúde não seja refém de interesses comerciais, mas continue a serviço da população.O argumento de que os supermercados não teriam a estrutura adequada para orientar os clientes sobre o uso correto dos medicamentos faz sentido, mas é contraditório, considerando que as farmácias também transformaram suas lojas em verdadeiros minimercados, com a venda de diferentes produtos, como chocolates e refrigerantes. 

A questão principal é: por que as farmácias podem vender alimentos ultraprocessados e produtos de higiene, enquanto os supermercados são impedidos de comercializar medicamentos de venda livre? A resposta parece se basear menos na preocupação com a automedicação e mais na defesa de um mercado restrito. No fundo, essa é uma disputa comercial disfarçada de zelo pela saúde pública.

A população necessita de orientação qualificada antes de qualquer recomendação de medicamento, e esse papel deve ser desempenhado por médicos, não por balconistas. Além disso, clínicas médicas de atendimentos particulares podem atuar como parceiras estratégicas tanto de farmácias quanto de supermercados. O paciente pode ser atendido em um local apropriado, por profissionais capacitados, e, caso necessite de um medicamento, terá a comodidade de adquiri-lo em farmácias próximas ao ponto de atendimento Dessa forma, o cuidado médico ocorre de maneira segura e eficiente, sem comprometer a saúde da população em nome da conveniência.

O que essa discussão revela é que a fronteira do que pode ou não ser vendido depende mais da conveniência dos setores envolvidos do que de uma real preocupação com a saúde da população. Se as farmácias podem vender barrinhas de cereais, por que os supermercados não poderiam vender medicamentos sem prescrição? E se os supermercados começarem a vender medicamentos, por que as clínicas não poderiam fazer o mesmo? No final das contas, a disputa parece ser menos sobre a proteção do consumidor e mais sobre quem detém a maior fatia do mercado.

Se as farmácias desejam atuar como mini-hospitais e os supermercados almejam vender medicamentos, talvez seja o momento de repensar o papel dos consultórios e clínicas médicas como verdadeiros centros de orientação e prevenção, assegurando que os pacientes sejam atendidos com responsabilidade antes de qualquer decisão de compra. Porque a saúde de verdade não se resolve no caixa.

Enquanto farmácias e supermercados lutam por fatias de mercado, clínicas têm a oportunidade de se consolidar como referências em saúde preventiva, se destacando como uma alternativa confiável para quem busca atendimento médico de qualidade, algo que nem supermercados nem farmácias conseguem oferecer com a mesma estrutura e especialização. Diferentemente das drogarias, que veem a consulta médica apenas como uma etapa para a venda de produtos, clínicas especializadas oferecem diagnósticos precisos e acompanhamento contínuo, evitando que os pacientes recorram à automedicação.

O atendimento médico exige expertise e infraestrutura específicas. Clínicas médicas investem muito em profissionais qualificados, equipamentos e um ambiente preparado e altamente regulado pela ANVISA, para oferecer cuidado integral ao paciente, com qualidade e segurança.E é esse objetivo central que não podemos esquecer, o cuidado vai além da venda e mesmo caminhando juntos, saúde e varejo possuem destinos diferentes em relação ao cuidado com as pessoas. 

 

Sobre Rafael Teixeira

Rafael Teixeira sempre foi movido pelo empreendedorismo. Desde 2003, quando sua família abriu a primeira unidade da Clínica da Cidade no interior de São Paulo, ele esteve à frente de um modelo inovador de medicina acessível, permitindo que os pacientes pagassem apenas pela consulta ou exame utilizado. A ideia pioneira de oferecer saúde acessível foi o primeiro passo de um longo caminho, mas foi em 2018 que,Rafael entrou para o universo das franquias, impulsionando o crescimento do negócio de forma exponencial.

Com uma visão clara da insustentabilidade dos modelos tradicionais de saúde, Rafael assumiu o comando da Clínica da Cidade como missão de vida. Se antes, a empresa contava com 40 funcionários, hoje o número passou para cerca de 1.000. Sob sua liderança, a clínica expandiu para mais de 60 unidades em 10 estados brasileiros, com planos de chegar a 100 unidades até o final de 2025.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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