23 de abril de 2024

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Mortes por coronavírus sobem 40% na RMC em meio à sinalização de flexibilização da quarentena

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Em sete dias, foram contabilizados 38 novos óbitos; sistema de saúde pode entrar em colapso com afrouxamento do isolamento social

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) apresentou, entre os dias 24 e 30 de maio, segundo nota técnica produzida pelo Observatório PUC-Campinas, 38 novas mortes por coronavírus, um aumento de 39,47% em relação à semana anterior. Os casos notificados (823) aumentaram em 28,39%. O avanço acelerado da pandemia na região ocorre em meio à possibilidade de flexibilização das medidas de isolamento social, baseadas no anúncio da “quarentena inteligente” do Estado de São Paulo. (VEJA NOTA COMPLETA)

Formado por 41 municípios, o Departamento Regional de Saúde de Campinas foi classificado na fase 2 pela Secretaria Estadual de Saúde e pelo Comitê de Contingência da covid-19, que prevê aberturas com restrições para imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings. O funcionamento dependeria da autorização, por meio de decreto, da prefeitura de cada cidade.

Para os especialistas envolvidos na elaboração da nota técnica, o afrouxamento das medidas de distanciamento social é extremamente preocupante, diante do cenário de elevação no número de casos na região. Em comparação com as demais cidades brasileiras, 12 dos 20 municípios da RMC estão entre os 50% com maior incidência, com média de 65 casos a cada 100 mil habitantes. Com o aumento da demanda regional, as taxas de ocupação em leitos de UTI ultrapassam 90% em hospitais da rede municipal de Campinas.

“Um processo de reabertura neste momento poderia provocar um aumento mais expressivo do número de casos entre uma e duas semanas, com risco de haver demandas por leitos acima da capacidade instalada. Mesmo com a presença de alguns hospitais estaduais na RMC permitindo uma estratégia de referenciamento e provendo leitos às cidades sem leitos intensivos ou que já estão com leitos ocupados, o limite do sistema público pode ser atingido rapidamente diante de um crescimento acentuado no número de casos”, avalia o Dr. André Giglio Bueno, infectologista da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas.

Para o economista Paulo Oliveira, que coordenou a análise do Observatório PUC-Campinas, uma estratégia de isolamento social de forma heterogênea, balanceando os impactos na saúde e na atividade econômica, pode ser relevante, desde que consideradas as interconexões econômicas, sociais e do sistema de saúde.

 “Mais especificamente, é importante considerar que há grande circulação de pessoas entre os diferentes municípios da região, impulsionadas principalmente pela dinâmica das relações de produção e consumo. Decisões tomadas no âmbito municipal terão grandes impactos no avanço ou contenção da pandemia nas demais cidades da região, podendo sobrecarregar o sistema de saúde que também funciona de forma integrada”, destaca o professor extensionista.

Até o momento, o município com menor incidência de casos na RMC é Pedreira, na faixa dos 15 a 20 ocorrências para cada 100 mil habitantes. Na outra ponta, Paulínia, Campinas e Morungaba são as cidades com o maior número relativo de casos notificados, todos com mais de 120 casos por 100 mil pessoas. Campinas, que teve aumento de 427 casos na semana de referência (24 a 30 de maio), continua entre as sete cidades de maior taxa de crescimento em casos absolutos no Estado de São Paulo. Na região como um todo, a média atual é de 78,71 ante 84,71 no Estado e 162,34 no Brasil para cada 100 mil habitantes.

Em relação às mortes, 6 dos 20 municípios da RMC ainda não declararam ocorrências. Por outro lado, Campinas, Hortolândia e Indaiatuba são as cidades com maior incidência. Indaiatuba está no grupo dos 25% dos municípios brasileiros e paulistas com maior taxa de óbitos para cada 100 mil habitantes.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC.  As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.

Da PUC-Campinas

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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