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Crise no Transporte Público expõe limites do poder dos vereadores em Santa Bárbara

Foto: Divulgação

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Por Dennis Moraes

 

A reunião desta segunda-feira (7), entre vereadores de Santa Bárbara d’Oeste e representantes do Sindicato dos Rodoviários, escancarou uma verdade desconfortável sobre a política local: em algumas crises, os vereadores são meros espectadores de um espetáculo que não controlam.

Com o risco de paralisação total do transporte público rondando a cidade, o presidente do sindicato relatou o que muitos já temiam: a empresa Nova Via, responsável pelo transporte coletivo, pode não pagar os funcionários a tempo — o que colocaria em xeque um dos serviços mais essenciais para a população. A justificativa? Dificuldades financeiras, supostamente causadas por repasses da Prefeitura.

Prontamente, a Câmara abriu as portas para o diálogo. O presidente Kifú e outros vereadores ouviram, questionaram e até procuraram o Executivo. Um gesto institucional necessário, claro. Mas o problema continua sem solução. E a razão é simples: o poder real para resolver a crise não está nas mãos do Legislativo.

É importante que a população compreenda os limites do cargo. Vereador não paga salário, não repassa verba e não pode intervir na gestão financeira de uma empresa privada. Seu papel é fiscalizador, legislador e articulador político. Ou seja: pode cobrar, sugerir, pressionar, propor — mas não executar.

Em outras palavras, o que temos é uma crise concreta com ferramentas políticas abstratas. A população quer ônibus no horário. O trabalhador quer o salário na conta. O vereador pode apenas ligar, conversar, apurar e, no máximo, abrir uma CEI ou convocar uma audiência pública.

E isso basta? Claro que não.

A situação expõe uma fragilidade institucional: o transporte público de uma cidade inteira pode parar, e os representantes eleitos pelo povo pouco podem fazer além de acompanhar “de perto”. Parece piada, mas não é.

O problema, no fundo, não é que os vereadores estejam omissos. Eles estão atentos. Estão ali. Estão tentando. Mas o sistema lhes dá um canivete para resolver um incêndio. O Legislativo é consultivo, não executivo. E isso se torna ainda mais visível em momentos de emergência como este.

Foto: Dennis Moraes

A Câmara deve, sim, continuar acompanhando, cobrando, exigindo transparência. Mas também precisa admitir para a população: não somos nós que resolvemos isso. Transparência institucional não é só cobrar dos outros — é também reconhecer os próprios limites.

Afinal, de que adianta estar presente se não há poder real de ação?

Talvez, mais do que discursos e notas, seja hora de os vereadores liderarem um debate mais profundo sobre o modelo de concessão do transporte, sobre o controle de qualidade do serviço e sobre a criação de mecanismos de resposta mais ágeis em tempos de crise.

Até lá, seguimos vendo a Câmara de portas abertas — mas com pouca chave na mão.

Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e Diretor de Jornalismo do SB24Horas. Acesse: dennismoraes.com.br

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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