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Cooperativas e usinas orquestram colheita e transporte com GPS no plantio 2025/26 e em uma safra forte

Quem vive de cana, soja ou milho conhece o relógio do campo: janela de plantio, pico de colheita, fila no transbordo e caminhão esperando na porteira. Quando cada minuto vira custo, o GPS deixa de ser “rastreador” e passa a ser painel de orquestra. Cooperativas e usinas da região de Araraquara já tratam a telemetria como instrumento de produção, não só de segurança. A ideia é simples: menos espera, menos viagem vazia e mais carga entregue no prazo.

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O cronograma de colheita começa com previsões, mas se ajusta ao que o solo e o clima mostram no dia. Sensores em colhedoras e tratores entregam posição, velocidade média, consumo e paradas. Com isso, a central define o mapa da manhã: quais talhões entram primeiro, quais frentes recebem reforço e onde o transbordo precisa chegar 20 minutos antes para evitar fila. Na prática, a cooperativa reduz o “tempo morto” — aquele intervalo em que a máquina está pronta e o caminhão ainda não chegou.

Cercas virtuais sinalizam eventos. Ao cruzar o perímetro do talhão, o caminhão dispara um alerta: “cheguei; carregamento em 10–15 minutos”. Outro geofence no pátio do armazém inicia a contagem de descarregamento. Esses carimbos de tempo viram relatórios simples: tempo de espera no campo, no pátio e em viagem. Quando a diferença de uma frente para outra passa de 25%, entra ajuste: troca de rota, janela de carregamento escalonada ou remanejamento de frota.

Em épocas de pico, parte das viagens cruza trechos com pedágio e pistas em obra. O GPS integra dados da concessionária e recalcula custo por tonelada, não só quilômetro. Em um cenário com duas alternativas de 160 km, a mais curta pode sair cara se somar três pedágios e 40 minutos a mais de trânsito. A régua passa a ser R$/t.km e R$/t.h, métricas que conversam diretamente com a receita por carga.

É comum ver caminhão parado no início da noite esperando janela no armazém. O painel mostra, por motorista e por veículo, quantos minutos de ociosidade ocorreram por turno e qual a causa provável: “fila no pátio”, “aguardando liberação de balança”, “colhedora sem descarga”. Dois dias com padrão repetido já justificam ação: abrir janela extra, deslocar balança móvel, ampliar equipe no horário de ponta ou deslocar parte da colheita para talhão com acesso alternativo.

Colhedoras e tratores com telemetria de motor (RPM, carga, temperatura) permitem detectar o consumo fora da curva. Ajuste simples — calibragem de pneus, troca de bicos injetores, filtro de ar — entrega economia imediata no diesel, que pesa forte no custo. Quando o sistema aponta 20% de excesso de ralenti em uma frente, entra coaching de operador com meta clara: reduzir 5 pontos percentuais na semana seguinte. Pequenas metas funcionam melhor que campanhas genéricas.

No pico da safra, a pressa derruba padrão. O app do motorista pede fotos rápidas: amarração de carga, lacre de baú, lona esticada. O mesmo app registra incidentes simples, como “entrada travada por caminhão parado” — informação valiosa para negociar janelas no armazém. O dado vira ação: reforço de pátio, disciplinar fila, abrir pista de retorno.

Um quadro diário resolve 80% das decisões: toneladas colhidas, toneladas em trânsito, toneladas descarregadas; tempo médio de ciclo; índice de viagem vazia. Se a viagem vazia passa de 18%, é sinal de desbalanceamento entre colheita e transporte. Meta boa para a região tem ficado entre 12% e 15% no pico, dependendo do mix de distância curta e média.

Três efeitos aparecem rápido:

  • Menos espera: 30 minutos a menos por ciclo viram uma entrega extra a cada 3–4 viagens.
  • Menos diesel: reduzir 10% de ralenti numa frota média já paga uma parte da mensalidade do sistema.
  • Menos sinistro: rotas definidas e horários menos expostos diminuem o risco em trechos críticos.

Sem gente olhando o painel e ajustando agendamento, o GPS vira mapa bonito na tela. As cooperativas que vão bem criam uma rotina leve: reunião de 15 minutos no início do turno, indicadores visíveis para todos e espaço para o motorista falar. Muitas vezes é ele quem revela o gargalo real — uma lombada alta, uma porteira que tranca, uma balança lenta.

Com a colheita andando e a cidade respirando safra, dá para pensar no próximo avanço: previsão de pátio usando histórico de chegada por hora e clima, para evitar as filas de sempre numa quarta-feira de garoa. Não é ficção. É só usar os dados que já existem, em tempo real, para tirar o improviso de cena.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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