28 de março de 2024

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As dificuldades do aluno podem ter origem… na mão!

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Por Janaina Spolidorio

Para aprender, um dos requisitos mais essenciais é conhecer, dominar e manipular o próprio corpo, pois é por meio do nosso contato com o ambiente que sentimos e os sentidos são nossos receptores de aprendizagem. Se você não sabe usar um aparelho, ele não funciona. Se a criança não sabe usar o corpo na aprendizagem, não aprende.

Há muito o que explorar sobre a relação entre nosso esquema corporal e a aprendizagem, porém vamos afunilar um pouco mais e falar de algo essencial à aprendizagem acadêmica: a mão… ou melhor, o controle manual.

O controle manual é a habilidade de usar e manipular objetos, utensílios, ferramentas, e até mesmo os próprios dedos (isoladamente), com as mãos, em uma tarefa funcional.

Usar os dedos das mãos é algo primário para a aprendizagem, pois tem relação direta com tarefas de coordenação motora fina, como escrever, usar um garfo, abotoar um botão, fechar um zíper entre outras atividades que são esperadas que a criança desempenhe sozinha, com o tempo. Adiar que a tarefa seja feita com autonomia tem implicações importantes.

Uma criança que aprende tardiamente a usar o garfo não aproveita adequadamente a facilidade da idade com a qual deve fazê-lo, que seria entre 4 e 5 anos de idade. Quanto mais os pais demoram para estimular, mais difícil fica e cada pequena tarefa em que isso ocorre se torna uma bola de neve no aprender da criança.

Ao chegar na escola e ter que usar objetos como giz de cera, tesoura sem ponta, lápis, é esperado que a criança domine minimamente as mãos, que tenha alguns movimentos automatizados. Quanto maior o esforço que o aluno fizer para usar seu controle manual, menos irá prestar atenção nas aulas, porque sua energia será ocupada por questões motoras. Além disso, a dificuldade irá aparecer no papel, pois devido ao esforço fora da faixa etária para a coordenação motora fina, a criança ainda pode apresentar problemas para se expressar no papel.

Um bom controle manual requer atenção e concentração, consciência corporal, processamento sensorial, controle postural e estabilidade nos ombros, durante a tarefa, isso para dizer o mínimo!

Parece bobo, mas para uma criança se alimentar usando o garfo ou a colher do modo correto (sim! Tem um jeito certo de segurar, a “anatomia” do objeto é feita para que a mão use de uma determinada forma), para segurar corretamente um lápis, para amarrar um cadarço, para colocar um clipe numa folha ou qualquer outra tarefa manual, é preciso que ela tenha treinado sua musculatura das mãos.

Como você pode perceber se a criança está com problemas no controle manual? Confira algumas dicas de comportamentos que ela pode apresentar:

– Dificuldade em segurar corretamente o lápis;

– Dificuldade em utilizar tesoura para recorte;

– Tendência de usar a mão inteira para segurar objetos que são melhores manipulados com os dedos;

– Escrita lenta ou desorganizada;

– Dificuldade em abrir tampas ou contornar desenhos.

Reconhecer as dificuldades é o sinal que você precisa para ajudar e você pode fazê-lo atribuindo, aos poucos, tarefas manuais à criança como contornar linhas pontilhadas, abotoar sua própria roupa, pegar grãos de feijão de um pote e colocar em outro, usar um pegador de comida para transportar objetos pequenos, encaixar peças de quebra-cabeça ou montar blocos. Vale também fortalecer a musculatura com massinha, por exemplo!

 Não vai acontecer da noite para o dia, pois tudo faz parte de um processo. Aprendizagem é processo, então não sobrecarregue a criança com tarefas manuais somente porque notou a dificuldade, tente uma coisa por vez e de acordo com as necessidades da idade. Com certeza irá ter um impacto positivo na vida escolar dela!

Especialista em educação, Janaína Spolidorio é formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital. Ela atua no segmento educacional há mais de 20 anos e atualmente desenvolve materiais pedagógicos digitais que complementam o ensino dos professores em sala de aula, proporcionando uma melhor aprendizagem por parte dos alunos e atua como influenciadora digital na formação dos profissionais ligados à área de educação.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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