26 de abril de 2024

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Afeganistão: Jamais devemos esquecer os atos de terrorismo do Talibã

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O PhD, neurocientista que também tem formação em história e antropologia, Fabiano de Abreu diz que é importante relembrar quem é o Talibã para as mentes que se esquecem do passado

 

O Talibã é o principal assunto tratado na imprensa mundial nos últimos dias. No entanto, não é de hoje que eles ganharam um lugar de destaque na mídia internacional. O grupo se consolidou como o maior grupo terrorista da história, enquanto o seu passado acende um futuro repleto de preocupações.

 

A comunidade internacional acompanha atentamente os passos da retomada do poder no Afeganistão. Razões para apreensão global não faltam, tanto que o PhD, neurocientista, historiador com pós em antropologia, Fabiano de Abreu publicou um artigo citando algumas delas e mostra que não é de hoje que o grupo é conhecido pelo fundamentalismo religioso. Fabiano foi diretor, por alguns anos, da ONG Coalizão Internacional do Imigrante como relações públicas em assuntos de refugiados.

 

O cientista fez questão de começar a escrever um artigo científico, com a arqueóloga e historiadora portuguesa Joana Freitas, para relembrar as pessoas quem foi o Talibã: “Quanto mais afetada a sociedade pela ansiedade, mais pessoas esquecem o passado, reclamam do presente e acreditam que tudo será diferente. Por isso se esquecem ou amenizam a história de crimes de alguns e, neste caso, o terror do Talibã. Tem relação com o negacionismo, mediante a falta de coerência, conhecimento e clareza sobre as possibilidades. O sistema límbico no cérebro coordena as ações, quando o córtex pré-frontal, menos ativo, relacionado com a inteligência, não consegue orquestrar para ações mais racionais. O que nos diferencia dos demais animais é o maior desenvolvimento desta região do lobo frontal que nos tornou mais inteligentes. Mas o cérebro reptiliano ainda dita regras com influência do instinto e perturbações provenientes da cultura tecnológica, da mídia social”, explica Fabiano.

 

Para quem não se lembra em detalhes, a famosa organização Al Qaeda é composta por árabes e o Talibã são tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. “Os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro; expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão após os ataques de 11 de Setembro que deixou milhares de mortos nos Estados Unidos”, destaca Abreu que concretiza:

 

“Como pode-se ver, motivos para preocupação não faltam. Basta observar que dados do Índice Global do Terrorismo publicado em 2019 colocam o Talibã como o maior grupo terrorista da história, mais violento que o conhecido Estado Islâmico. Para se ter ideia, em 2018, o Talibã foi responsável por 38% do total de fatalidades em atos terroristas no mundo (6.103 mortes), 71% a mais na comparação com o ano anterior. O que vem por aí não se sabe, mas, se depender do retrospecto, há motivos para muitas preocupações.

 

Com o enfraquecimento do Estado Islâmico e a volta do Talibã, a Al Qaeda poderá ganhar mais força, eles são como os “meninos rebeldes” que levam a culpa, assumem atentados internacionais e o Talibã finge não saber de nada, mas estão sempre a ampará-los. No Afeganistão, durante os últimos 20 anos, a estratégia dos Estados Unidos era de fortalecer o governo e o exército afegão para que o país tivesse como frear os avanços do Talibã. Ainda na gestão Donald Trump, foi assinado um acordo para retirar as tropas americanas de lá. Com a saída norte-americana em 2021, ao contrário do que todos desejavam, o Talibã voltou novamente ao caminho de dominação do país de forma tão rápida que impressionou a todos.

Fabiano de Abreu / Foto: Divulgação / MF Press Global

Chega-se assim ao fato que ganhou as páginas dos jornais no último fim de semana. Com quase 75% do território do país ocupado pelo Talibã, o presidente Ashraf Ghan fugiu e o grupo assumiu o poder novamente. O resultado disso é aquela imagem que rapidamente se espalhou por todo o mundo de afegãos tentando deixar o país lotando o aeroporto de Cabul, enquanto ocorre essa volta do grupo ao poder.

 

Em contrapartida, o Estado Islâmico não está morto, encontra-se na África recrutando pessoas fáceis de serem manipuladas devido à pobreza e suas consequências. O que sinto é o risco da volta daquilo que parece nunca terminar. E mesmo mediante a este histórico, tanto a Rússia quanto a China demonstraram que estão dispostos a não se indisporem com o Talibã. Russos anunciam contato com representantes das ‘novas autoridades afegãs’, enquanto chineses dizem que desejam manter ‘relações amistosas. ‘

 

Além da violência em suas ações, o grupo impôs mudanças culturais profundas no Afeganistão. Em 1996, quando dominou a capital do país, Cabul, pela primeira vez, leis islâmicas foram impostas a todo o povo afegão. Foi a partir dali que, por exemplo, as mulheres deveriam se cobrir da cabeça aos pés, não puderam mais frequentar escolas ou trabalhar fora de casa, além de serem proibidas de viajar sozinhas. Outro detalhe é que TV, música e feriados não islâmicos também foram proibidos.

Divulgação / MF Press Global

As 29 restrições aplicadas pelos talibãs às mulheres, segundo a RAWA:

  1. Proibidas de trabalhar: Existia a proibição total do trabalho feminino fora de casa. Apenas algumas médicas e enfermeiras tinham permissão para trabalhar em alguns hospitais de Cabul (capital do Afeganistão).
  2. Completa proibição de qualquer tipo de atividade fora de casa: As mulheres só podiam sair de casa se fossem acompanhadas pelo marido ou por um familiar masculino como pai, avô, irmão ou filho.
  3. Proibidas de realizar negócios com comerciantes do sexo masculino.
  4. Proibidas de ser tratadas por médicos homens.
  5. Proibidas de estudar: As mulheres não tinham permissão de andar na escola, universidade ou qualquer outra instituição educativa. As escolas para raparigas foram convertidas pelos talibãs em seminários religiosos.
  6. Obrigadas ao uso de um longo véu (burca) que as cobre da cabeça aos pés.
  7. Podiam ser chicoteadas, espancadas e vítimas de abusos verbal: A mulheres que não se vistam de acordo com as regras dos talibãs ou que não estejam acompanhadas pelo marido ou por um familiar masculino podiam ser vítimas de violência física e verbal.
  8. Podiam ser chicoteadas em público as mulheres que não escondessem os tornozelos.
  9. As mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento eram condenadas ao apedrejamento público até à morte.
  10. Proibidas de usar produtos de cosmética: Não podiam usar por exemplo maquilhagem nem verniz. Houve casos de mulheres que, por usarem verniz nas unhas, tiveram os dedos amputados.
  11. Proibidas de falar ou apertar a mão a homens: Só o podem fazer aos maridos ou familiares.
  12. Proibidas de rir em voz alta: Os talibãs consideravam que ninguém estranho à mulher poderia ouvir a sua voz.
  13. Proibidas de usar saltos altos que produzissem som ao caminhar: Os homens não podiam ouvir os passos de uma mulher.
  14. Proibidas de apanhar um táxi: Só o podiam fazer acompanhadas pelo marido ou familiares do sexo masculino.
  15. Proibição da presença feminina na rádio, televisão ou reuniões públicas de qualquer natureza.
  16. Proibidas de praticar desportos ou entrar em qualquer clube desportivo.
  17. Proibidas de andar de bicicleta ou mota: Só o podiam fazer se fossem acompanhadas pelo marido ou familiar do sexo masculino.
  18. Proibidas de usar roupas de cores vivas: Para os talibãs, as cores vivas eram consideradas “cores sexualmente atraentes”.
  19. Proibidas de reunir para festividades: Como para os Eids, as celebrações em nome de Alá.
  20. Proibidas de lavar roupa nos rios ou praças públicas.
  21. Modificação de todos os nomes de ruas e praças que incluíam a palavra “mulher”: Por exemplo o nome “Jardim das Mulheres” passou para “Jardim da Primavera”.
  22. Proibidas de espreitar das varandas do seu apartamento ou casa.
  23. Todas as janelas das casas tinham de ser opacas: Esta obrigatoriedade tornava impossível que alguém da rua conseguisse ver as mulheres dentro das suas casas.
  24. Alfaiates masculinos não podiam medir, nem costurar roupas femininas.
  25. Proibidas de utilizar casas de banho públicas.
  26. Não podiam viajar no mesmo autocarro que os homens: Existia uma distinção entre os autocarros para homens e os para mulheres.
  27. Proibidas de usar calças largas: Mesmo que fossem usadas por baixo da burca, as calças largas continuavam a ser proibidas.
  28. Proibição de fotografar ou filmar mulheres.
  29. A impressão de imagens de mulheres em revistas, livros, ou penduradas em casas ou lojas eram proibidas.

 

 

 

Biografia 

 

Fabiano de Abreu Rodrigues – Doutorado e Mestrado em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida, com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC.

 

Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814;

Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488;

Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079;

Membro Mensa 1625BR;

Registro Psicanalista SPSIG 2515/5476;

Registro jornalista 35228/RJ, Brasil;

Registo jornalista CCPJ 7842A, Portugal;

Register IFJ International Federation of Journalists BR16791;

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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