Por Solly Andy Segenreich
A palavra “refugiados” vem da palavra fugir. George Orwell, o famoso escritor de “1984” e de “A Fazenda dos Bichos”, sentenciou que, quando um grupo alcança o poder, nunca irá querer largá-lo. O poder, na minha opinião, é o veneno, como ópio, altamente viciante, estabelecido pela força bruta que durante bom tempo não encontra contraponto e fornece prazer sem limite. Como consequência, o grupo oposto ou é dizimado ou relegado à extrema pobreza, e precisa fugir para continuar existindo.
Minha família sofreu isso duplamente (fascismo e stalinismo), teve que sair da Romênia em 1950, quando eu tinha 4 anos, deixando qualquer posse material para trás. Foi uma experiência traumática. A chegada a Israel, o único país a receber judeus naquele pós-guerra, era uma confusão. Ben Gurion, então primeiro-ministro, queria receber o máximo de imigrantes para tornar o estado, recém-saído da Guerra da Independência, um fato irreversível.
Assim, nós, refugiados da Europa, éramos acomodados nos “Maabarot”, abrigos coletivos de madeira e teto de zinco construídos às pressas. Só da Romênia chegaram aproximadamente 200 mil refugiados em dois anos, esmagados pelos horrores da 2ª Guerra, o holocausto e toda sorte de perseguições. E o que encontramos naqueles abrigos? Uma esperança de futuro, qualquer futuro, em meio a condições que beiravam a degradação: piolhos, ratos, insalubridade, a comida que era possível.
Infelizmente, hoje o noticiário não se cansa de mostrar a triste realidade dos refugiados. Mas há resistência: os Macabeus resistiram à civilização greco-macedônica, então hegemônica. A festa de Chanucá celebra este feito. No Brasil, houve uma memorável reação contra a ditadura militar. Hoje, o que preocupa é uma ascensão mundial da extrema direita, com o velho discurso ultranacionalista anti-imigração.
Algum dia vai terminar? Não sei. Mas vou lembrar uma frase de Einstein que, perguntado sobre como seria uma eventual 3ª guerra mundial, respondeu: “Não sei, mas a 4ª será com paus e pedras.”
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