24 de abril de 2024

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11 mulheres brasileiras que fizeram história e lutaram por direitos e igualdade

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Conheça mulheres à frente de seu tempo que colocaram em pauta tabus que hoje são parte do nosso dia a dia

 

Se você já parou para pensar sobre temas como violência doméstica ou equidade de gênero, saiba que essas são pautas de muitas mulheres na luta por um mundo mais justo para todos e todas.

 

Milhares de mulheres em todo o planeta, ao longo da história, têm sido exemplos inspiradores para as novas gerações — e muitas têm origem no Brasil. São mulheres vanguardistas, revolucionárias e que ocuparam espaços até então dominados por homens.

 

Em alusão ao Mês da Mulher, preparamos uma lista com 11 mulheres brasileiras que ajudaram a transformar a história do País e abriram os caminhos para que os direitos femininos fossem conquistados e respeitados.

 

  1. Dandara dos Palmares (data de nascimento desconhecido – falecimento em 1694)

 

Uma das figuras mais emblemáticas na luta pelo fim da escravidão no Brasil, Dandara era esposa de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e que inspirou o Dia da Consciência Negra.

 

Dandara era a responsável por liderar a ala feminina do exército dos Palmares, ensinando às guerreiras técnicas de capoeira e a lutar com armas. Apesar da sua relevância no movimento, existem poucos registros históricos sobre sua vida.

 

Em 6 de fevereiro de 1694, Dandara se jogou em um abismo para não retomar à condição de escrava. Até hoje, a guerreira é uma das maiores inspirações na luta contra o racismo e o machismo no Brasil.

 

  1. Elza Soares (1937 – 2022)

 

Nascida e criada em uma região pobre da cidade do Rio de Janeiro, Elza Soares viveu muitas vidas em uma só. Foi amada e detestada pelo Brasil, mas sua relevância ultrapassa os palcos.

 

Casou-se com apenas 12 anos, teve 8 filhos e viu 4 deles falecerem. Iniciou sua carreira musical em 1953, pela Rádio Tupi e, em 1959, obteve sucesso nacional.

 

Um dos momentos mais marcantes de sua vida é o romance com o ídolo de futebol Garrincha. Com ele, Elza viveu um relacionamento abusivo: vítima do alcoolismo, o jogador batia constantemente em sua mulher.

 

Após anos de violência, Elza separou-se de Garrincha e foi atacada pela opinião pública. De acordo com a imprensa, a cantora foi o grande motivo da derrocada do atleta.

 

Perseguida pela ditadura militar, foi obrigada a exilar-se na Itália após ter sua casa metralhada, em 1970.

 

Sua carreira passou por altos e baixos. Em 1999, caiu do palco em um show e teve que fazer uma série de cirurgias na coluna. Até sua morte, teve dificuldades para andar.

 

Em 2015, lançou o álbum “Mulher do Fim do Mundo” e reinventou sua carreira. O trabalho rendeu à cantora um Grammy Latino, além de se aproximar de fãs de gerações mais novas.

 

No disco, a cantora traz músicas que falam sobre vítimas de violência doméstica. Em “Maria da Vila Matilde”, por exemplo, retrata a história de uma mulher que decide dar um basta nos abusos vividos por seu companheiro.

 

Um fato curioso é que, após o sucesso do álbum, o  número de denúncias de violências doméstica e familiar cresceu 133% em comparação com o ano anterior. Embora o aumento não se deva apenas ao hit de Elza, o alcance do acesso à informação pode estar relacionado.

 

Ela faleceu aos 91 anos, em 20 de janeiro de 2022, por causas naturais, recebendo centenas de homenagens com coroa de flores, mensagens de grandes personalidades no meio artístico, político, em veículos de comunicação e nas mídias sociais da internet. Por sua trajetória, Elza Soares sempre será um símbolo da luta contra a violência doméstica.

 

  1. Tarsila do Amaral (1886 – 1973)

 

Tarsila do Amaral foi uma grande pintora e desenhista. É considerada uma das mais importantes artistas modernistas da América Latina.

 

Autora do icônico quadro Abaporu, foi uma das líderes do movimento Antropofágico, que marcou a história da arte brasileira. Foi uma das criadoras da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu em São Paulo.

 

Filha de uma família rica, estudou artes plásticas em Barcelona aos 16 anos de idade. Quando voltou ao Brasil, se casou e teve uma filha. Seu primeiro marido era contra sua dedicação às artes e, por isso, ela se separou dele e voltou a viver na Europa.

 

A história de Tarsila do Amaral se destaca por ser uma mulher à frente de seu tempo: viajou pelo mundo para focar em seu trabalho, resistiu ao cenário machista das artes no Brasil, se divorciou e namorou quem quis.

 

Suas obras são dedicadas a destacar a riqueza das cores, as paisagens e a cultura nacional. É considerada uma das artistas modernistas mais influentes do mundo.

 

  1. Anita Garibaldi (1821 – 1849)

 

A “Heroína dos Dois Mundos”, como ficou conhecida, é uma das mais importantes figuras históricas do Brasil. Anita Garibaldi lutou ao lado do marido, Giuseppe Garibaldi, em batalhas no Brasil e na Itália.

 

No Brasil, Anita lutou na Revolução Farroupilha (1835 – 1845) e na Batalha dos Curitibanos (1840 – 1845). Já na Itália, participou da Batalha de Gianicolo (1847).

 

Anita Garibaldi faleceu na Itália e sua história é reconhecida por ter sido uma mulher em posição de liderança nas guerras revolucionárias no Brasil e na Itália.

 

  1. Zilda Arns (1934 – 2010)

 

Zilda Arns foi uma sanitarista e médica pediatra. Um dos seus grandes feitos foi a fundação da Pastoral da Criança. Em 2006, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

 

Sua vida foi dedicada ao estudo da saúde pública e ao combate da mortalidade e da desnutrição infantil.

 

Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, fundou em 1983 a Pastoral da Criança. Hoje, a entidade atua em 20 países da América Latina, África e Ásia. Seu trabalho foi fundamental para ajudar a reduzir a mortalidade infantil ao redor do mundo.

 

Zilda Arns faleceu em 12 de janeiro de 2010 no Haiti, enquanto trabalhava em uma missão da Pastoral e o país foi atingido por um terremoto.

 

  1. Nise da Silveira (1905 – 1999)

 

Psiquiatra e estudante de Carl Jung, Nise da Silveira foi uma das principais responsáveis pela luta antimanicomial e pelo tratamento humanizado a pacientes psiquiátricos no Brasil.

 

Formada pela Faculdade de Medicina da Bahia, foi a única mulher a se graduar em uma turma com 157 homens. Foi presa durante o governo de Getúlio Vargas, acusada de apologia ao comunismo.

 

Como psiquiatra, Nise nunca aceitou a normalização de tratamentos agressivos para doenças mentais, como lobotomia, eletrochoque e internações compulsórias.

 

O legado de Nise contempla o início das atividades de terapia ocupacional no Brasil, passa pela fundação da Casa das Palmeiras e culmina na Lei Antimanicomial (Lei nº 10.216/2001).

 

Em 2016, foi lançado o filme Nise – O Coração da Loucura, que conta a história da psiquiatra que revolucionou a profissão no País.

 

  1. Cora Coralina (1889 – 1985)

 

Pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, Cora Coralina é uma das mais importantes poetisas da literatura brasileira.

 

Apesar de escrever desde a adolescência, seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, foi publicado quando já tinha quase 76 anos de idade.

 

Não terminou o ensino fundamental e passou a vida criando seus quatro filhos e trabalhando como doceira após o falecimento de seu marido.

 

Apesar da questão de gênero não ser um objeto direto de sua obra, Cora Coralina ficou conhecida pelo pioneirismo ao enfrentar o machismo e o preconceito da sociedade, que pouco aceitava o trabalho literário de mulheres.

 

  1. Lina Bo Bardi (1914 – 1992)

 

Italiana naturalizada brasileira, Lina Bo Bardi é uma das maiores referências da arquitetura mundial, responsável por projetos como a Casa de Vidro, o SESC Pompeia e o Masp, todos em São Paulo (SP).

 

Chegou ao Brasil em 1943 para fugir da Segunda Guerra Mundial. Em terras tupiniquins, foi uma das poucas profissionais que soube como unir o moderno ao popular em seus traços.

 

Lina acreditava que o espaço arquitetônico não deve ser apenas um prédio, mas sim um instrumento para ser ocupado pelas pessoas. Enfrentou muitos preconceitos por ser uma mulher estrangeira em uma área dominada por homens.

 

Apesar de ter sido pouco celebrada em vida, as obras de Lina Bo Bardi servem de inspiração para arquitetos em todo o mundo nos dias de hoje.

 

  1. Ana Néri (1814 – 1880)

 

Ana Néri foi a pioneira da enfermagem no Brasil. Nascida na Bahia, foi voluntária na Guerra do Paraguai e se destacou por criar uma enfermaria-modelo em Asunción, capital paraguaia, mesmo apesar dos poucos recursos disponíveis durante a batalha.

 

Seu trabalho foi condecorado e homenageado pelo imperador D. Pedro II. Faleceu em 20 de maio de 1880 — é nesta data que se comemora o Dia do Enfermeiro, graças às conquistas de Ana.

 

  1. Maria da Penha 

 

A farmacêutica e bioquímica cearense Maria da Penha Maia Fernandes é, sem dúvida, uma das mais importantes figuras na luta contra a violência doméstica no Brasil. A Lei que leva seu nome é resultado de sua busca incansável por justiça.

 

Em 1983, Maria da Penha foi vítima de uma dupla tentativa de feminicídio por parte de seu marido e pai de suas filhas. O homem atirou em suas costas enquanto dormia e, por conta disso, Maria ficou paraplégica.

 

Voltou para casa após inúmeras cirurgias por conta da agressão. Foi, então, mantida em cárcere privado por seu marido. Neste período, ele tentou eletrocutar Maria da Penha enquanto ela tomava banho.

 

Maria da Penha foi vítima não apenas de violências físicas, mas também psicológicas, pois o marido deslegitimava sua busca por justiça em todas as oportunidades que surgiam.

 

Foram mais de 19 anos, diversos julgamentos e alcance internacional de sua história até que Maria da Penha conseguisse fazer com que a justiça brasileira punisse seu agressor.

 

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) classifica, entre outras coisas, a punição em casos de agressões a mulheres em razão de seu gênero. É reconhecida pela ONU como uma das 3 melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher.

 

Atualmente, Maria da Penha é reconhecida mundialmente por sua luta pelos direitos das mulheres. Atua como palestrante, ativista e é fundadora do Instituto Maria da Penha, que luta pelo fim da violência doméstica contra a mulher.

 

  1. Leila Diniz (1945 – 1972)

 

A liberdade da atriz de teatro e TV Leila Diniz se tornou motivo de escândalo por parte da sociedade conservadora brasileira.

 

Considerada um símbolo do feminismo  mesmo sem essa intenção —Leila foi uma das principais vozes pela igualdade de gênero no mundo artístico.

 

Defensora do amor livre e da liberdade sexual, Leila se recusou formar uma família convencional e sempre contestou a lógica masculina que dominava a sociedade.

 

Suas declarações, que sempre desafiavam os tabus e os estigmas da época, serviram de inspiração para milhares de mulheres e jovens.

 

Leila Diniz faleceu em um acidente de avião, em 14 de junho de 1972.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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