A sessão da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste realizada nesta terça-feira (29) foi marcada por um dos discursos mais fortes e críticos da atual legislatura. O vereador Paulo Monaro (PSD) usou a tribuna para denunciar a condução autoritária do presidente da Casa, Júlio César Santos da Silva, o Kifu (PL), e apontar uma suposta submissão total do Legislativo ao Executivo municipal, liderado pelo prefeito Rafael Piovezan.
Em tom indignado, Monaro relembrou artigos do Regimento Interno que, segundo ele, foram completamente ignorados pela presidência durante a tramitação do Projeto de Lei 65/2025, que trata da adesão de Santa Bárbara ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da RMC (CISMETRO). O parlamentar criticou duramente a rejeição de um projeto substitutivo que previa prestação de contas anual, e não apenas a cada quatro anos, como propunha o texto original.
“Foi trucidado o Regimento Interno. Cadê as comissões? Cadê os pareceres jurídico, financeiro e de justiça e redação? Estamos votando um projeto no escuro. Isso é rasgar o papel e jogar a dignidade da Câmara no lixo”, afirmou o vereador.
Monaro, que já foi presidente da Câmara, não poupou palavras ao descrever a atual condução da Casa. Ele denunciou a centralização de poder e a falta de espaço para os vereadores da minoria se manifestarem ou proporem alternativas legítimas ao projeto original:
“Na minha presidência, todos os vereadores tinham a caneta na mão, votando ou não em mim. Hoje, infelizmente, a Câmara virou extensão da Prefeitura. Quem senta na cadeira da presidência não é mais o vereador Kifu. Quem comanda hoje é Rafael Piovezan”, disparou.
Segundo o vereador, o projeto substitutivo apresentado pelos sete vereadores da oposição previa a renovação anual da adesão ao CISMETRO e a obrigatoriedade de prestação de contas detalhada. A proposta visava garantir mecanismos de controle e auditoria sobre os serviços prestados e os recursos aplicados, especialmente diante de suspeitas e denúncias envolvendo o consórcio em outras cidades da região.
“A proposta era simples: se o consórcio funcionar, renova-se por mais um ano. Mas não, querem empurrar quatro anos de contrato goela abaixo, sem transparência, sem poder de fiscalização. E quem perde com isso é a população”, alertou Monaro.
O parlamentar ainda relembrou sua posição contrária à terceirização da saúde e da educação, votada em legislaturas anteriores. Para ele, a experiência com organizações sociais (OS) em Santa Bárbara foi desastrosa, e o modelo que se tenta aprovar via CISMETRO é uma “OS camuflada”:
“Estamos dando aval a um modelo viciado, que já causou problemas em várias cidades. Teve médico pago em feriado prolongado sem prestar serviço. O BS não abre na Sexta-feira Santa, e mesmo assim teve pagamento. Que empresa é essa?”, questionou.
Visivelmente emocionado, Monaro concluiu o discurso lamentando que os mais de 16 mil votos recebidos pelos sete vereadores da minoria tenham sido ignorados:
“O direito da minoria foi violado. Hoje, o que vimos aqui foi um atentado à democracia. Votei no presidente Kifu acreditando em independência. Hoje, tenho vergonha de ver como a nossa Câmara foi entregue”, finalizou.
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