Um novo projeto de lei protocolado pelo vereador Marcelo Cury (Republicanos) promete trazer mais organização ao transporte coletivo de Santa Bárbara d’Oeste. O PL nº 25/2025 autoriza a Prefeitura a firmar parcerias público-privadas (PPPs) para instalar placas com horários e itinerários nas paradas de ônibus da cidade. A proposta, que busca melhorar a experiência dos usuários sem custos diretos ao município, tem gerado expectativa, mas também levanta questionamentos sobre sua viabilidade prática – especialmente pela forte dependência do interesse de empresas privadas.
De acordo com o texto do projeto, as placas seguirão padrões de clareza, legibilidade e acessibilidade definidos pelo Executivo, trazendo informações essenciais que, segundo Cury, reduzirão a incerteza e os longos tempos de espera nas paradas. “A falta de informações precisas prejudica os usuários e compromete a eficiência do transporte público. Essa medida trará mais previsibilidade e funcionalidade ao sistema”, defende o vereador na Exposição de Motivos. O financiamento viria de empresas privadas, que instalariam e manteriam as placas em troca de espaços publicitários.
Embora a ideia seja vista como uma solução criativa e sustentável, especialistas apontam que o sucesso da iniciativa pode esbarrar em um obstáculo significativo: a dependência do interesse comercial. “O modelo assume que haverá empresas dispostas a investir nas paradas, mas em áreas menos movimentadas ou com baixo apelo publicitário, como bairros periféricos, o desinteresse privado pode limitar a implementação”, analisa um observador do setor de mobilidade urbana. Essa desigualdade poderia resultar em benefícios concentrados apenas em regiões centrais ou de grande circulação, deixando outras partes da cidade desassistidas.
Outro ponto de atenção é a regulamentação. Sem regras claras sobre a qualidade das placas e a manutenção contínua, há risco de que o foco publicitário prevaleça sobre a função informativa. “A fiscalização será essencial para garantir que as empresas não apenas instalem as placas, mas as mantenham atualizadas e em bom estado”, destaca a análise. A inclusão de espaços publicitários também preocupa quanto ao impacto visual, podendo gerar poluição estética se não houver controle rigoroso.
Por outro lado, o projeto tem méritos inegáveis. A proposta de modernizar o transporte público sem onerar os cofres municipais é um atrativo em tempos de restrições fiscais. “Se bem gerida, essa parceria pode ser um modelo para outras cidades”, reconhece Cury, que vê na iniciativa uma forma de aliar eficiência e economia. A acessibilidade, mencionada no texto, também é um avanço, embora detalhes sobre sua execução – como placas em braille ou integração com tecnologias digitais – ainda não tenham sido especificados.
Para os moradores, a expectativa é de dias mais organizados nas paradas de ônibus, mas a dependência de empresas privadas coloca um sinal de alerta. “Seria ótimo saber os horários com antecedência, mas se depender só de quem quer lucrar com propaganda, pode não chegar no meu bairro”, comenta Ana Silva, usuária do transporte coletivo no Jardim São Francisco.
O PL nº 25/2025 agora segue para tramitação na Câmara Municipal, onde deverá ser debatido e, possivelmente, ajustado. Enquanto isso, a população aguarda para ver se a promessa de um transporte mais acessível e funcional se concretizará – ou se ficará refém do interesse de quem enxerga nas paradas apenas uma vitrine publicitária.
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