21 de maio de 2024

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Teremos paz de deixar os nossos filhos na escola?

Relly Amaral Ribeiro

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Por Relly Amaral Ribeiro 

Deixar o filho na escola não é mais a mesma coisa. Não agora, após os acontecimentos dos ataques de março e abril de 2023. O Brasil, antes país conhecido por ser amigável, pacífico e solidário, recentemente estampa manchetes sujas de sangue inocente em veículos de mídia nacional e internacional, com os atentados nas escolas espalhadas por nosso território. Tal fato, antes tão frequente em países como os EUA, passou a também fazer parte da realidade brasileira, nos últimos anos. Foram ao menos 16 casos de 2002 até hoje, sendo que 10 deles ocorreram nos últimos 12 meses. O mais impressionante é que em dois casos recentes, além de extremamente violentos -com uso, inclusive, de facas e outros objetos cortantes, que exigem uma ação corporal intensa e mais sádica do que o uso de arma de fogo- tiveram apenas 9 dias de diferença entre um ato e outro – em São Paulo, onde um aluno de 13 anos atacou 2 alunos e 4 professoras, matando uma delas. E em Blumenau-SC, onde um homem de 25 anos pulou o muro da creche para atacar e matar crianças pequenas com o uso de uma faca e uma machadinha. Somente de 2011 para cá são 39 mortes, até o momento.  

Em reportagens sobre as possíveis razões que estão levando a estes ataques,  especialistas apontam 5 fatores culturais e sociais que podem estar relacionados ao aumento de tais fenômenos de violência gratuita:  o avanço da intolerância e valorização da cultura da violência; o crescimento e radicalização de grupos de ódio na internet e o acesso a tais conteúdos por indivíduos cada vez mais jovens;  o distanciamento nas relações e enfraquecimento do afeto; a piora da saúde mental da sociedade, principalmente após a pandemia; o efeito contágio – crescimento de atos violentos motivado por outros crimes semelhantes, após intensa divulgação midiática. 

É imprescindível a tomada de providências, enquanto sociedade: da mídia, dos órgãos gestores públicos nas áreas de educação e segurança pública, assim como das instituições de ensino privadas. E tais medidas devem abarcar ações que vão além da simples presença ostensiva de guardas ou policiais. É preciso pensar e implementar planos de contingência em caso de atentados:  medidas emergenciais como alarmes ou botões de pânico, além de mudanças e adaptações arquitetônicas de saída e entrada – portas e portões mais seguros, pontos de fuga rápida ou saídas de emergência. Também pontuo aqui a necessidade de treinamento – cursos e palestras de orientação ao corpo docente, discente, pais e responsáveis, na identificação de atitudes suspeitas e estratégias de enfretamento à violência. 

Para além do enfrentamento das possíveis razões que motivam tal barbárie, não podemos agir enquanto comunidade escolar e gestores como era há 20 – 30 anos. Não vivemos mais naquela sociedade e o tempo urge. Vidas tem se perdido e crianças, adolescentes, professoras morreram. Será que essas mortes já não serviram como um alerta suficiente? 

Sugiro que cada um, enquanto eleitor e cidadão, cobre dos candidatos nos quais votou, principalmente do poder executivo, atitudes e providências imediatas que tragam maior segurança às instituições de ensino e comunidade escolar. Precisamos ter paz ao deixar nossos filhos na escola.   

 

Relly Amaral Ribeiro é assistente social, mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em Serviço Social da Uninter. 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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