18 de maio de 2024

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Sobre Kombis ilegais, “carros voadores” e Mobilidade 5.0

Imagem gerada com inteligência artificial

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Por Marcionilio Sobrinho, CTO da Empresa 1 (https://www.empresa1.com.br/), centro de inovação em mobilidade urbana e pioneira da bilhetagem eletrônica no Brasil

A mobilidade urbana é um grande desafio para as capitais e outras grandes cidades brasileiras, principalmente pelo seu crescimento desorganizado, para além do planejado, em locais, por vezes impróprios para moradia e com construções que dificultam soluções de trânsito. Ao mesmo tempo, com orçamento limitado, os municípios tendem a priorizar os pontos com maior circulação de pessoas, investindo em melhorias nos centros comerciais/administrativos e grandes corredores de tráfego. 

Por isso, vemos crescer dentro do setor, análoga à ideia de Sociedade 5.0 — que é humana, colaborativa e super inteligente — a ideia da Mobilidade 5.0. Esse é um movimento essencial, na medida em que a mobilidade urbana já tem na sociedade o mesmo nível de importância dos serviços de saúde e educação. A cidade inteligente é aquela em que o cidadão tem qualidade de vida, e o transporte público é um dos indutores desta transformação.

Precisamos criar uma mobilidade urbana que faça as pessoas preferirem o transporte público e “desafogar” o trânsito, oferecendo velocidade, segurança e maior conforto. De acordo com o Relatório Anual de Mobilidade Urbana da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o número de carros nas ruas do Brasil aumentou em 119% entre 2001 e 2018, enquanto a população cresceu apenas 30%. Para trajetos mais curtos, a falta de ciclovias também faz os cidadãos optarem pelos carros, próprios ou por aplicativo. Atravessar cidades que já são grandes em vias lotadas faz a população gastar boa parte de seu tempo em trânsito, algo nada prático e demasiado estressante.

A predominância do transporte público e da bicicleta seriam essenciais, também, à questão ambiental, por diminuir as emissões de carbono. Nesse quesito, é preciso investir na transição dos meios de transporte já existentes para meios mais sustentáveis. Existe um novo projeto no Rio de Janeiro que é realmente futurístico: a Embraer está desenvolvendo um “carro voador” que promete ser o futuro da mobilidade urbana e dos aviões elétricos, contribuindo para a descarbonização do setor de aviação. Já estão mapeando rotas na cidade e o primeiro voo de teste do eVTOL será realizado até o início de 2024, com certificação prevista para 2026.

O projeto é incrível? Sem dúvidas. Mas ele só será um verdadeiro sucesso quando os moradores do Complexo do Alemão, por exemplo, não tiverem como única forma de saída da comunidade as Kombis e os mototáxis não regulamentados pela prefeitura, que não opera transporte público ali. Precisamos sim, investir em soluções de transição até que este projeto vire realidade e seja acessível. A Mobilidade 5.0 é muito mais do que a última inovação do mercado, é um ecossistema de melhoria de qualidade da vida urbana acessível a todos, e essa é uma falta vivida por muitos. 

Os desafios são inúmeros e imensos, mas fico feliz por fazer parte de um movimento que quer enfrentar todos eles. Acredito que o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de transportes deve ter como norteador o pensamento e foco em quem são as pessoas que vão utilizá-las. É dessa forma que criamos soluções, o mais aderentes possível, a toda uma cidade, como a Empresa 1 (https://www.empresa1.com.br/) fez em 1997, quando implantou no Brasil a bilhetagem eletrônica para o transporte público, trocando o ticket de papel por um cartão inteligente.

Hoje, todas as grandes cidades usufruem do Sistema de Bilhetagem Eletrônica (SBE), que proporciona uma gestão muito mais eficaz do embarque de passageiros no transporte público. Em primeiro lugar, traz mais velocidade para o processo, reduzindo o tempo viagem. Em segundo, mais segurança, porque elimina ou reduz o dinheiro circulante no veículo, por um lado, e porque sua tecnologia impede tentativas de fraude, por outro. Ao SBE somam-se outras tecnologias desenvolvidas ao longo desses anos, como o Sigom Telemetria (que monitora veículo e motorista em tempo real, diminuindo possíveis ações imprudentes no trânsito), com foco no bem-estar e na segurança da população. Esse é o caminho da Mobilidade 5.0.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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