Por Cássio Faeddo
Em termos jurídicos, Jair Messias Bolsonaro assumiu seu mandato presidencial em 1º de janeiro de 2019.
De lá para cá, uma sucessão de factoides, traições, abandonos e outras façanhas vêm sobressaltando o país e causando perplexidade.
Mas, de fato, surge uma pergunta talvez sem uma única resposta correta: Quando acabou o governo Bolsonaro?
Que Jair Bolsonaro tem limitações gritantes é fato; mas se calado fosse, haveria um andamento vegetativo das instituições da República, da burocracia do estado que conduziriam o governo. E pasmem, Bolsonaro talvez tivesse muito mais chances de reeleição se se aquietasse na cadeira presidencial.
Porém, Bolsonaro fala. E fala muita bobagem sem pé nem cabeça.
Na condução da pandemia com seu negacionismo e sua posição anti vacina, afundou-se por completo.
Em 2020, logo no início da pandemia, flertou com golpismo. Foram notórios seus palanques diante de seus seguidores e falatórios dúbios.
De Bebbiano a Barra Torres, passando por atritos por comando partidário, Bolsonaro colecionou abandonos, desafetos e admoestações.
Nem se fale da prisão de Roberto Jefferson, blogueiros de submundo e outros aloprados que circularam e circundam o mundo do bolsonarismo.
Como um Presidente da República pode chegar a este nível?
Mas houve um ponto de não retorno para Bolsonaro. O “mile stone “ do começo inexorável do fim de seu governo: A patacoada de 7 de setembro de 2021 marca o começo do melancólico fim de um governo que, se existiu, assim ocorreu formalmente.
A carta redigida por Temer após os amalucados eventos golpistas foi a certidão de óbito do governo.
Desde então, de uma forma ou de outra, à francesa ou não, Bolsonaro tem perdido correligionários no mundo político.
Se restar algum instinto de sobrevivência política, Bolsonaro desistirá da corrida presidencial e tentará a certeza de um cargo eletivo como deputado federal, pois corre riscos até de perder vaga ao Senado.
Mas, se tratando de Bolsonaro, resta inglória a tentativa de qualquer uso de lógica.
Cássio Faeddo. Advogado. Mestre em Direito. Especialista em Ciências Políticas/USCS. MBA em Relações Internacionais/FGVSP.