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Quais as diferenças entre as religiões africanas que existem no Brasil?

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Religiões africanas no Brasil: As diferenças entre Umbanda, Candomblé e Jurema!

 

Se você deseja conhecer a diversidade das religiões no Brasil, saiba que as doutrinas de origem africana são um bom ponto de partida. Além de ajudarem a entender parte da história do país, elas oferecem novos conceitos para encarar a vida. Também estimulam a refletir sobre o modo como damos sentido à existência.

No período da escravidão, os africanos iorubas foram forçados a vir para o Brasil mas, apesar de tudo, não abandoaram suas crenças mesmo naquele momento terrível. Entretanto, suas tradições e cultura não podiam ser exercidas com liberdade. Eles tiveram que se adaptar ao catolicismo, porém os conceitos de sua religião se mantiveram e se espalharam.

Então, com a abolição da escravatura no Brasil, nasceu a Umbanda com associações ao catolicismo e espiritismo. Também surgiu o Candomblé com características mais africanas. Além disso, elas influenciaram a prática religiosa Jurema. Na continuação deste texto, você descobrirá como foi essa formação, os rituais e diferenças dessas religiões. Confira!

 

Informações sobre a Umbanda

Você já ouviu que a Umbanda é uma religião africana formada no Brasil? Sabia que ela tem semelhanças com o catolicismo e espiritismo? Existem muitos detalhes que tornam essa doutrina bastante interessante. Então, continue lendo para saber mais!

 

O que é a Umbanda?

A Umbanda é uma religião derivada das crenças de africanos escravizados no Brasil. Ela apresenta conceitos associados a outras doutrinas como catolicismo e espiritismo. Os umbandistas creem que existe um Deus único, presente em todos os lugares e instantes, chamado de Olorum e abaixo dele estão os orixás, espíritos desencarnados e encarnados.

Criados por Deus, os orixás são forças da natureza como, por exemplo, Iemanjá, que é a entidade que vem do mar e protege os marinheiros. Já os espíritos desencarnados correspondem a almas que se separaram do corpo físico e vivem em outra dimensão. Os encarnados consistem em todas as pessoas que habitam o mundo atual.

 

A origem da Umbanda

Durante a fase de colonização do Brasil, muitos africanos, que foram forçados a vir para o país para serem escravizados, eram da região e da religião ioruba. No entanto, eles não podiam praticar abertamente suas crenças por causa da repressão que sofriam. Eles eram obrigados a adotar a doutrina do catolicismo.

Então, seguiam suas tradições dos orixás incorporando os ensinos da igreja católica, por exemplo, para cultuar o orixá Ogum, rezavam para São Jorge. Essa associação após o fim da escravidão levou a criação da religião Umbanda. Mais precisamente em 1908, na cidade de Niterói, numa sessão espírita anunciada por Zélio Fernandino de Moraes.

 

Como é feito o culto da Umbanda

No Brasil, as cerimônias dessa religião africana são realizadas em terreiros. Geralmente os participantes ficam descalços na entrada.  Depois, eles são guiados por auxiliares do salão até o espaço do culto e no caminho recebem banho de ervas para afastar energias negativas do ambiente. Quando o ritual começa, é solicitada a proteção dos orixás.

Depois, é feita uma defumação do altar (peji), dos médiuns e do público para a chegada das entidades. Em seguida, ocorre a incorporação na qual as pessoas que têm o dom de ter contato com espíritos desencarnados permitem que esses seres falem através das suas bocas orientações para os participantes. Ao final, todos saem de frente para o altar.

 

As cerimônias da Umbanda

A Umbanda celebra batizados, casamentos, funerais e consagrações. Os cultos acontecem em terreiros, barracões, casas e locais abertos junto à natureza. Os ensinamentos da religião são transmitidos por um “pai” ou “mãe”. Nos ritos, eles têm a função de invocar a proteção dos orixás e entidades espirituais para aqueles que estiverem presentes.

Do mesmo modo que outras religiões africanas do Brasil, a Umbanda não tem estrutura hierárquica como o catolicismo que possui o papa, bispos etc. Essa liberdade organizacional se repete nos cultos umbandistas que seguem direções diferentes. No entanto, os rituais mais comuns são os de passe (troca de boas energias) e o descarrego (limpeza espiritual).

 

Simbologia da Umbanda

Antes das cerimônias, os umbandistas riscam o terreiro com vários símbolos. As imagens servem para chamar boas energias para os participantes, homenagear os orixás e atrair a vinda dos espíritos. No Brasil, os desenhos variam de acordo com a casa da umbanda, um dos traços mais comuns usados nos cultos é o tridente (garfo), representante de Exu.

Nessa religião de origem africana, Exu é o orixá que faz a comunicação entre os médiuns e os espíritos. Além dele, existem outras representações famosas como o branco que lembra a sabedoria de Oxalá (associado a Jesus). Também tem o arco e flecha de Oxóssi (animais e as plantas), a espada de Ogum (relacionado à metalurgia, à luta e ao trabalho), entre outros.

 

Crenças da Umbanda

No Brasil, há variações quanto aos ritos e símbolos na Umbanda, mas todos respeitam os três pilares que sustentam essa religião de raiz africana que são: caridade, humildade e amor. Além disso, os umbandistas têm fé em um Deus único Olorum, que criou todas as coisas do mundo, inclusive orixás e espíritos.

Eles também acreditam na imortalidade da alma, carma e reencarnação. Em outras palavras, creem que após a morte o espírito se separa do corpo e vai para uma região (umbralina), onde deve refletir sobre arrependimentos até retornar a terra em outro corpo. Assim, o que for feito de bom ou ruim nessa existência refletirá nas próximas vidas.

 

Informações sobre o Candomblé

Por que o Candomblé é diferente da Umbanda se ambas as religiões africanas têm a mesma origem? É verdade que toda pessoa tem um orixá? Veja as respostas dessas perguntas e mais conceitos sobre essa doutrina na continuação.

 

O que é o Candomblé?

O Candomblé consiste em outra religião proveniente das tradições africanas dos iorubás. Os candomblecistas creem no Deus único, chamado no Brasil de Olorum, que criou tudo no mundo, e nos orixás, que são forças da natureza que estão abaixo dele. No entanto, diferente da Umbanda, ele só tem influências africanas e não possui associação com o catolicismo.

Aliás, outra diferença entre as duas doutrinas é que nos cultos do Candomblé, em vez de espíritos, são orixás que são incorporados, mas não dão consulta, apenas abençoam. As orientações quem passa é o pai ou a mãe de santo através dos búzios ou Ifá. Essa religião possui hierarquia e em cerimônias específicas fazem sacrifícios de animais.

 

Como surgiu o Candomblé no Brasil?

O Candomblé se desenvolveu no Brasil, assim como outras religiões com matriz africanas, através das crenças das pessoas africanas que foram forçados a vir para cá e ser escravizadas. No caso dessa doutrina, as pessoas que trouxeram os preceitos foram os iorubás. Na era colonial, eles não podiam realizar a devoção aos orixás sem associar ao catolicismo.

Contudo, com a abolição da escravidão, no século XIX, na Bahia nasceu oficialmente o Candomblé. Então, mesmo que exista um Deus único que criou os orixás, eles não têm relação com santos da igreja católica. Além disso, possui mais ligação com a cultura da África nas cerimônias.

 

Quais são os principais orixás do Candomblé?

Nas religiões africanas existem vários orixás, mas no Brasil, o Candomblé mantém um número reduzido. Entre as divindades mais conhecidas no país estão Exu, Ewá, Iemanjá, Logun, Edé, Nanã, Buruku, Obá, Ogun, Omolú, Iroco e outros. Embora eles representem alguma força da natureza, também possuem qualidades e defeitos.

Segundo essa doutrina, cada pessoa é filha de um orixá que influencia no seu comportamento e características. Ele ainda protege e ajuda nas horas difíceis sem julgar ou castigar o indivíduo. Caso você tenha interesse em descobrir qual o seu orixá, confira Como saber o orixá pela data de nascimento? Veja como descobrir seu Odu!

 

Quais são os rituais do Candomblé?

O Candomblé é uma religião de base africana que no Brasil realiza a cerimônia de dedicação aos orixás com danças, atabaques, cantos, curas e adivinhações. Os rituais acontecem em terreiros, casas e barracões. Um pai e/ou mãe lideram a sessão, os filhos-de-santo também dançam e cantam.

Assim, durante os ritos alguns deles incorporam orixás que não dizem nada, apenas trazem bênçãos. Esse evento ocorre de modo organizado no qual são feitas homenagens às divindades e oferendas com vegetais, comida ou animais. Somente bichos de espécies comestíveis podem ser abatidos, por exemplo, frango, pois depois terá que ser consumido.

 

Informações sobre a Jurema

Jurema não se trata exatamente de uma religião africana, mas, sim, indígena. No entanto, ela sofreu influência das doutrinas vindas da África. Para saber quais são elas e como elas aconteceram, continue a leitura!

 

O que é a Jurema?

A Jurema sagrada consiste numa prática indígena que contém semelhanças com as crenças das religiões africanas e cristãs. O nome da doutrina vem de uma árvore encontrada na Caatinga e no Agreste do Brasil. A casca dessa planta serve para fazer uma bebida que permite manter contato, obter a sabedoria e força de seres espirituais.

Por meio de danças, cantigas, chás e fumo com cachimbo, os índios entram em contato com antepassados e outras entidades. As cerimônias acontecem em terreiros ou casas, nesses locais ocorre a incorporação dos espíritos. Dessa maneira, é possível alcançar a cura ou receber conselhos para a vida dos juremeiros.

 

Como surgiu a Jurema?

Os registros históricos indicam que o consumo do chá da Jurema ocorria entre os índios sem cerimônia. Contudo, foi na época do Brasil colonial que se tornou uma celebração com ritos parecidos ao de religiões africanas. Naquele período, quando os negros que eram escravizados fugiam das fazendas, muitas vezes, encontravam abrigo em aldeias.

Dessa convivência foram associados os rituais para invocação dos antigos pajés, o culto às divindades da natureza e aos mortos. Com o passar do tempo essa prática saiu dos limites dos povoados indígenas. Atualmente, é possível ver pessoas seguindo essa tradição em todo país, mas principalmente na região do Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

 

Como são as cerimônias da Jurema?

Semelhantes aos cultos das religiões vindas do continente africano, nas sessões da Jurema existem líderes que têm a função de incorporar os espíritos. Eles consomem o chá feito com as cascas da Jurema e outros ingredientes como mel, gengibre, hortelã, cravo, canela e um tipo de vinho.

A solicitação da presença de seres de outro mundo é embalada pela dança, chacoalhar do instrumento indígena maraca e do tambor ilu. As divindades que encarnam durante as cerimônias são mestres e caboclos de outras vidas passadas. Elas podem atender alguns pedidos para tratar doenças e falar com os participantes.

 

Quais são as entidades que a Jurema cultua?

Na Jurema houve um entrelaço entre com conceitos do cristianismo e das religiões africanas. Assim, nessa doutrina existem duas linhas, uma que acredita em mestres e caboclos, e outra que crê nos encantados. Em ambas há uma grande quantidade de seres espirituais que podem ser cultuados.

Contudo, muitos estão relacionados a divindades de outra religião, por exemplo, o caboclo bom corresponde a Jesus Cristo. Preto-velho, Exu e Pomba-gira tem alguma associação com doutrinas afro-brasileiras. Entretanto, fora eles também há espíritos de índios, caciques, pajés e mais.

 

A relação do sincretismo no Brasil e as religiões africanas!

Como você viu, as religiões africanas no Brasil possuem como matriz as tradições e cultura dos povos iorubás. No entanto, a Umbanda associou o culto de orixás aos santos da igreja católica e ainda apresenta influência do espiritismo. Além disso, não conta com um sistema bem estruturado nas suas cerimônias.

Já o Candomblé, mais próximo das origens africanas, realiza cantos, danças e segue a ordem durante os ritos. Assim como os umbandistas fazem oferendas com flores, frutas, velas, os candomblecistas se diferenciam pela oferta de animais. De forma geral, essas são as principais doutrinas que as pessoas vindas de África ajudaram a formar no país. 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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