Refeições com dinheiro público ultrapassam limite do bom senso e expõem falta de regras na administração municipal
O prefeito de Santa Bárbara d’Oeste, Rafael Piovezan, acumula mais de R$ 5.300,00 em gastos com alimentação apenas no primeiro semestre de 2025 durante 17 viagens oficiais. As despesas foram pagas com recursos públicos e constam no Portal da Transparência do município. A análise do SB24Horas revela refeições com valores que ultrapassam o bom senso — especialmente quando comparadas aos padrões da Administração Pública.
Em alguns casos, o custo por pessoa chegou a R$ 193,00, valor difícil de justificar em um cenário em que a própria população enfrenta dificuldades econômicas.
Almoços com padrão de restaurante de luxo
Os números chamam a atenção não apenas pelo total, mas pela escolha dos locais frequentados: entre os nomes mais recorrentes estão churrascarias e restaurantes de alto padrão da capital paulista.
Veja alguns exemplos extraídos diretamente das notas fiscais:
• 🥩 Bovinu’s Rebouças (10/03/2025)
Valor: R$ 579,00
Participantes: 3
Custo por pessoa: R$ 193,00
• 🍷 Lellis Trattoria (27/02/2025)
Valor: R$ 372,00
Participantes: 3
Custo por pessoa: R$ 124,00
• 🍖 Churrascaria D’Brescia (17/02/2025)
Valor: R$ 410,41
Participantes: 3
Custo por pessoa: R$ 136,80
• 🐮 Nelosul Churrascaria (28/03/2025)
Valor: R$ 485,47
Participantes: 3
Custo por pessoa: R$ 161,82
• 🥗 Churrascaria Trevisan (17/04/2025)
Valor: R$ 336,21
Participantes: 3
Custo por pessoa: R$ 112,07
Não se trata de refeições em lanchonetes ou restaurantes populares: estamos falando de casas especializadas em cortes nobres, buffets sofisticados e locais que estão longe da realidade do servidor público médio, e mais ainda, da realidade do contribuinte.
Para se ter uma ideia do contraste, o valor pago em uma única refeição do prefeito chega a superar todo o vale-alimentação diário de um servidor público municipal, que recebe cerca de R$ 30 por dia, somando R$ 902,39 mensais. Enquanto isso, uma única refeição de Piovezan chegou a custar R$ 193,00 por pessoa — valor que já ultrapassou até mesmo os R$ 200,00, conforme registros anteriores disponíveis no portal da transparência.
A ausência de um teto para esse tipo de gasto abre margem para práticas que, embora legais, são moralmente questionáveis. A população enfrenta filas nos postos de saúde, buracos nas ruas e carência em áreas básicas — enquanto agentes públicos desfrutam de almoços em locais como o Lellis Trattoria, restaurante conhecido por seu ambiente refinado e pratos que ultrapassam facilmente R$ 100 por pessoa.
O que justifica esse padrão de consumo? Qual a real necessidade de utilizar dinheiro público em restaurantes de grife? A resposta, até agora, não veio da Prefeitura, que foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou.
A discussão sobre os gastos com alimentação em viagens oficiais não é nova. Mas diante de valores como esses, ganha nova urgência. Falta regulamentação, e o que não é proibido por lei acaba sendo praticado — mesmo que fira os princípios da razoabilidade e economicidade.
Setores da sociedade civil e até vereadores já cogitam a necessidade de um marco legal para disciplinar esses gastos, seja por meio de um teto diário, seja com a criação de um cartão alimentação corporativo com limites claros. A proposta está sendo discutida nos bastidores do legislativo.
Por enquanto, o que se vê é um desequilíbrio entre a responsabilidade esperada de um gestor público e a forma como o dinheiro da população vem sendo utilizado.
O portal SB24Horas procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste para comentar sobre esses gastos, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
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