8 de maio de 2024

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Evento comemorativo do Instituto Desiderata reúne propostas para o futuro

Uma saúde melhor para a infância a partir de intervenções do Terceiro Setor em parcerias com governos nas esferas federais, estaduais e municipais, além do legislativo e que façam a diferença no futuro das crianças e adolescentes brasileiros. Esta foi a essência que permeou os debates durante as comemorações dos 20 anos do Instituto Desiderata, em evento realizado no Rio de Janeiro.

O Instituto Desiderata é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), fundada em 2003, no Rio de Janeiro e realiza ações de mobilização e articulação entre o setor público e a sociedade civil para o fortalecimento da saúde pública infantojuvenil, com foco em doenças crônicas não transmissíveis e seus fatores de risco. As soluções propostas pelo Instituto junto aos seus parceiros visam o fortalecimento do SUS. Suas ações são desenvolvidas a partir da investigação de problemas de saúde pública, da disseminação dos dados sobre as doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco e as ações são sempre baseadas em evidências.  

Representando os idealizadores do Instituto, Antonia Frering relembrou fatos marcantes da trajetória do Instituto, as conquistas ao longo das últimas duas décadas, os potentes profissionais que fazem a diferença e alguns dos importantes parceiros institucionais. Em seguida, o presidente do Conselho Deliberativo, Mark Essle, ressaltou os propósitos do Desiderata e qual a visão de futuro, incluindo o sonho de espalhar essa semente pelo Brasil, começando agora por Pernambuco.

Nos debates, a infância saudável e iniciativas nessa direção foram a tônica. Muito comemorada, a conquista do Desiderata com a aprovação, em julho deste ano, de duas leis municipais que proíbem a comercialização dos alimentos ultraprocessados em escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro e de Niterói.  Vários palestrantes ressaltaram a vitória. O pediatra e sanitarista Daniel Becker comentou.

– Foi muito emocionante essa conquista que tivemos. Uma luta de Dom Quixote contra os moinhos. A gente conseguiu passar uma lei que proíbe os ultraprocessados nas câmaras de vereadores em duas cidades contra todas as minhas expectativas. Foi uma vitória encantadora. Isso mostra a potência do Desiderata. Temos outras batalhas. Na minha opinião, escola é um lugar de olho no olho, de corrida no recreio, das brincadeiras infantis. Os celulares deveriam também ser proibidos.”

Outros parceiros que lutam por uma infância saudável também trouxeram suas experiências. Do Instituto Alana, Mikaela Alves Almeida, apresentou vários projetos do Programa Criança e Natureza já concretizados em diferentes cidades brasileiras para transformar espaços áridos em lugares atraentes para uma infância lúdica e em contato com áreas verdes. A advogada Fernanda Mainier, comentou como o advocacy é um instrumento poderoso de garantia de direitos humanos e que nós brasileiros devemos sempre estar alertas na defesa de nossos direitos.

Representantes do Ministério da Saúde como a  coordenadora de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde, Letícia Cardoso; a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde; Sonia Isoyama Venancio; e Roberto Gil, diretor-geral do Inca discutiram os atuais desafios para a promoção da saúde de crianças e adolescentes brasileiros, incluindo a produção, o monitoramento e a divulgação de dados de forma clara sobre temas relevantes para a saúde desse público-alvo e que nem sempre são acessíveis.

“Falar sobre adolescentes sem adolescentes não é correto”. Assim, o médico herbiatra, Felipe Fortes, introduziu um debate com os jovens do projeto RAP da Saúde. Gabriel Brandão, Kézia Sampaio, Nathália Amorim e Vitória Rodrigues produziram uma pequena peça teatral, na qual destacaram como os jovens não são escutados pelos profissionais de saúde. A peça gerou uma roda de conversa sobre os projetos do RAP na promoção de saúde nas Clínicas de Família, nos subúrbios cariocas.

A diretora executiva do Instituto Desiderata, Renata Couto, resumiu para auditório lotado com mais de 200 participantes a importância do evento na trajetória institucional.

– A gente decidiu comemorar o nosso aniversário como a gente sempre faz no Desiderata, abrindo espaço para a discussão de agendas que são tão urgentes quanto desafiadoras. Por isso, reunimos uma rede potente de atores verdadeiramente comprometidos com infâncias mais saudáveis, tendo agradecido as parcerias, concluiu.

Algumas conquistas do Desiderata:


Câncer infantojuvenil:
nos últimos 20 anos, o Instituto Desiderata encaminhou mais de 2.600 crianças e jovens com câncer para hospitais especializados no Rio de Janeiro. Do total de casos, 90% iniciaram a investigação diagnóstica em até três dias úteis. Além do tratamento precoce, o Desiderata transformou nove salas de quimioterapia, raio-X e de internação, de unidades públicas de saúde, em espaços lúdicos e acolhedores. O cenógrafo Gringo Cardia assina a criação dos espaços que estimulam explorações e descobertas. A cada ano, mais de 10 mil crianças e adolescentes passam por essas unidades humanizadas, que já beneficiou mais de 60% dos hospitais públicos de oncologia pediátrica. E mais de 7 mil profissionais da rede pública de saúde foram capacitados pelo Desiderata para identificar de forma precoce os sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes.  

 O câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte nessa faixa etária no Brasil. Anualmente, cerca de 8 mil novos casos são diagnosticados, 45 óbitos por semana. Apesar do índice de cura ser de 80% em países desenvolvidos, 90% das mortes por câncer em crianças e adolescentes acontecem nas nações com baixa ou média renda.  

Obesidade: Nos últimos anos, o Desiderata investiu também em uma série de ações de advocacy no legislativo brasileiro e comemora a aprovação, em julho de 2023, de duas leis municipais de proibição de oferta e venda de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas em escolas públicas e privadas no Rio de Janeiro e em Niterói, além de regular a altura desse tipo de alimentos nos supermercados para evitar que fiquem ao alcance de crianças. Em paralelo, atuou pela regulamentação de salas de apoio à amamentação nas empresas para coleta e armazenamento de leite materno. Promoveu, ainda, a capacitação de 1,4 mil profissionais de saúde para prevenção e cuidado da obesidade em crianças e adolescentes.  

No mundo, cerca de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos e 340 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos apresentam sobrepeso ou obesidade. No Brasil, 30% de crianças e adolescentes estão acima do peso. Estar acima do peso na infância significa cinco vezes mais chances de obesidade na vida adulta. Prevenir e reverter o excesso de peso nessa faixa etária é fundamental para evitar doenças crônicas como o diabetes tipo 2 e campanhas contra os alimentos não saudáveis como os ultraprocessados e bebidas açucaradas são um primeiro passo.   

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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