28 de março de 2024

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Por que o Brasil está assim? – por Vieira Junior

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A Arena Pantanal (Cuiabá – MT), um dos estádios mais belos do Brasil, construídos com dinheiro público para a Copa do Mundo da Fifa 2014, está interditada após apenas seis meses de vida e alguns jogos de uso. O estádio vai passar por intervenções emergenciais e sanar “problemas construtivos diversos”, como relatou a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa). O medo é que não haja segurança para o estádio que custou aos bolsos dos brasileiros R$ 650 milhões, um dos mais caros do evento e de todas as Copas. E ainda perguntam: por que o Brasil está assim?

Enquanto muitos diziam “imagine na Copa”, sempre rebati: não, imagine depois da Copa. Agora, essa afirmativa começa a ganhar cores, desenhos e formas na realidade do país. Enquanto países de primeiro mundo fizeram o evento (e se arrependeram depois) por muito menos, o Brasil se afundou em investimentos para fazer “A Maior Copa de Todos os Tempos”. Não o conseguiu dentro nem fora de campo. E ainda quebrou o país…

Japão e Coreia (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010) consumiram, juntas, US$ 30 bilhões (US$ 16 bilhões, US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, respectivamente), enquanto todas as Copas da história juntas teriam consumido US$ 75 bilhões.  No Brasil, os gastos chegaram a cerca de R$ 35 bilhões para deixar estádios como a Arena Pantanal, que, além de ser um “elefante branco”, está inacabado e carente de quesitos básicos para o seu funcionamento. E dá-lhe mais dinheiro para mantê-lo.

Enquanto isso, o Brasil se confrontou com uma das piores realidades de sua história. É conhecimento básico saber que, para crescer, um país precisa de uma matriz energética forte, investimento em tecnologia e recursos para exploração. Destes três quesitos, apenas o último existe, e não é mérito dos governantes. Aliás, o único recurso que poderia ter sido planejado para uma utilização duradoura está a iminência do desaparecimento nas torneiras de boa parte dos brasileiros. Não satisfeito, o governo, incompetente pela própria natureza, ainda deixou os seus cidadãos sem saúde, segurança, estradas, transporte, educação e saneamento básico. E sabe quanto seria necessário para universalizar o saneamento no Brasil? Os mesmos cerca de R$35 bilhões, sem contar a redução de custos com saúde. Agora, com o rombo batendo à porta, o novo ministro chega com o velho costume de jogar a conta para o povo e anuncia um “pacote de impostos para aumentar a arrecadação”. É como se ele dissesse: “Está na hora de pagar o ingresso”

O fato é que a Copa se foi e o seu legado, que já contou até com um tal “Trem Bala”, que nunca saiu do papel, é esse: um país sem dinheiro, enfrentando recessão econômica e com estádios abandonados e caindo aos pedaços. Aos que diziam “imagine na Copa”, deixo mais uma reflexão: Imagine depois da Olimpíadas.

 

Vieira Junior – Jornalista, pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (IBE-FGV).

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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