2 de maio de 2024

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Os estímulos na formação do caráter

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Valéria Caetano da Silva

 

Na criança, o caráter responde em parte à região instintiva e em parte à região sensível. São duas correntes opostas que, ao se chocarem, realizam os diferentes impulsos, repercutindo no caráter com efeitos benevolentes e, outros, violentos.
Como a região sensível é muito sútil na criança, todas as coisas a impressionam profundamente, de tal forma que, segundo os estímulos, são as reações que produzem estados de hipersensibilidade que, ao menor estímulo, geram nela excitações violentas que na maioria das vezes são negativas, chegando até a inverter a vontade em sua adolescência.
O caráter se forma pela impressão dos estímulos. Na criança, o caráter está em formação. Não há, portanto, caráter. São os estímulos que operam nela que vão formando ao longo de sua existência.
Desde o nascimento, até certa idade da vida (e muitas vezes até morte) sempre predominará os primeiros estímulos que se prolongarão pela ação de outros estímulos similares que o próprio caráter vai atraindo pela força do hábito.
Até a criança chegar à puberdade, buscar-se estímulos sempre naturais, nunca artificiais.
O estímulo natural é aquele que incita a criança à compreensão das coisas que a rodeiam e que combate a tendência de fazê-la acreditar que vive em um mundo, ou estado, que não lhe pertence.
O estímulo artificial é aquele que leva a criança a ter ambições de coisas que os pais não podem custear-lhe, incluindo-se aí tudo aquilo que tende a inculcar nela o que é errôneo. Esses são alguns aspectos do estímulo artificial.
Não existe nada que ajude na formação do caráter da criança que os estímulos, devendo tratar-se de que sejam sempre saudáveis e positivos.
Um exemplo de estímulo negativo, que produz na criança esse estado de hipersensibilidade, que lhe embota a mente: se em uma criança que, pelas causas referidas, é tão impressionável se inculca o temor aos fantasmas, aos ladrões e a tudo aquilo que lhe possa causar horror ou terror, em breve tempo sua vontade se inverte e ela fica à mercê dos sacudimentos internos provocados pelo contato de qualquer coisa que excite sua sensibilidade, predisposta pela ação desse estímulo ao medo. Essa hipersensibilidade, ao inverter-lhe a vontade, reproduz continuamente a imagem desse estímulo em sua mente, convertendo-se em imaginação, de modo que o que antes era uma sensação emocional, depois provoca verdadeiras comoções mentais que podem ocasionar desgastes nervosos de consequências fatais.

Valéria Caetano da Silva é professora, pesquisadora na área da Educação e autora do livro Metodologia Ludocriativa

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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