Grandes anúncios, discursos emocionados e zero prioridade para quem espera por atendimento. Em Santa Bárbara, a propaganda corre solta — e a Câmara corre para não fiscalizar.
Por Dennis Moraes
Santa Bárbara d’Oeste assiste, mais uma vez, ao espetáculo político da grandiosidade sem planejamento. O prefeito Rafael Piovezan, ao lado do governador Tarcísio de Freitas, anuncia com pompa o investimento de R$ 20 milhões para transformar o Parque Araçariguama em um Complexo Esportivo. Um projeto bonito no papel, simbólico, emocionante — mas que ignora a ferida aberta da nossa cidade: a saúde pública em colapso.
Enquanto milhares esperam por consultas, exames e cirurgias; enquanto mães madrugam nas filas para tentar atendimento pediátrico; enquanto idosos saem de unidades de saúde sem sequer uma previsão de retorno — o governo municipal prefere posar para fotos, em vez de priorizar aquilo que salva vidas de verdade.
Pior: prefere depender exclusivamente de verba pública, quando poderia — e deveria — buscar parcerias com a iniciativa privada para projetos de esporte e lazer. Assim, o dinheiro público, especialmente em tempos de emergência, poderia ser direcionado para onde ele faz falta com urgência: na saúde, na vida real, no cidadão de carne e osso.
Mas o que esperar de uma administração que parece governar de dentro de uma bolha, guiada por marketing e cronogramas eleitorais, e não pelas necessidades mais básicas da população?
Se a escolha equivocada do Executivo já preocupa, o comportamento do Legislativo municipal agrava ainda mais o cenário. O papel constitucional dos vereadores é claro: fiscalizar o Executivo, cobrar transparência, exigir prioridades corretas. Em Santa Bárbara, porém, parte significativa da Câmara parece ter abdicado dessa responsabilidade.
Projetos irrelevantes brotam semanalmente, colocando nome de praça, instituindo “dias municipais disso e daquilo”, ou tentando incluir eventos em calendários oficiais, como se isso fosse política pública. Enquanto isso, a caneta segue assinando tudo que o governo manda, sem contestar, sem investigar, sem defender o contribuinte barbarense.
O município não precisa de Legislativo decorativo. Não precisa de vereadores preocupados com medalhinhas e autopromoção. Precisa de fiscalização firme, de voz ativa, de coragem para dizer “não” quando a prioridade está errada.
Quando o Executivo falha e o Legislativo se cala, quem perde é a cidade inteira.
O esporte transforma. A saúde salva. E a boa política — aquela que olha para o povo, e não para a foto — equilibra as duas coisas com responsabilidade. Hoje, Santa Bárbara vê uma gestão que prefere o aplauso ao planejamento, e uma Câmara que prefere a sombra confortável da omissão ao dever constitucional da fiscalização.
A história mostra que cidades não quebram apenas por má gestão. Elas quebram quando quem deveria fiscalizar escolhe ser cúmplice, quando quem deveria defender o povo escolhe defender cargos, favores e alinhamento político.
Santa Bárbara d’Oeste merece mais — muito mais — do que vitrines de concreto e vereadores de calendário.
A cidade precisa de saúde funcionando, gestão eficiente e representantes que honrem o cargo. O futuro não se constrói com discursos emocionados, nem com obras sem prioridade. Constrói-se com respeito ao cidadão e com coragem para fazer o certo, mesmo quando o certo não rende aplauso.
E hoje, falta coragem política nesta cidade.
Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e CEO do Grupo Dennis Moraes de Comunicação. Acesse: dennismoraes.com.br




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