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OPINIÃO – O protagonismo feminino que floresce no campo

Maria da Graça Lucas Vieira

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Por: Maria da Graça Lucas Vieira

 

Quando uma mulher percebe seu valor, ela movimenta tudo ao seu redor, pois conhecimento gera desenvolvimento pessoal e também comunitário e social. Como educadora, tenho visto de perto o impacto transformador que iniciativas como o programa Nós por Elas – A voz feminina do campo tem gerado na vida das jovens participantes. Trata-se de uma verdadeira semeadura de consciência e pertencimento e um florescimento de autoconfiança, autoestima e autoconhecimento.

Nas rodas de conversa, nas pesquisas e nos roteiros de rádio que desenvolvem, as meninas do Nós por Elas constroem pensamento crítico e fortalecem sua voz. Esse é o alicerce para que se reconheçam como protagonistas de suas próprias histórias, capazes de atuar em qualquer esfera da vida. Passam a enxergar com mais clareza a potência que carregam e as possibilidades reais de ampliar sua atuação no campo e na sociedade. O que aprendem reverbera por onde passam, nos seus lares, nas suas comunidades, e certamente seguirá impactando os lugares que ocuparão ao longo da vida.

O programa promove ainda um olhar mais generoso e consciente sobre a trajetória das mulheres que vieram antes. Ao refletirem sobre o contexto social no tempo-território em que mães e avós foram educadas, essas jovens ampliam sua compreensão sobre as dinâmicas sociais e culturais do passado. E isso diminui o julgamento e aumenta o respeito pelas mulheres que, com suas limitações e forças, também abriram caminhos.

Entender o passado é parte do processo de transformação. Ao perceberem que as mudanças já aconteceram – ainda que lentamente -, as jovens fortalecem a crença de que mais transformações são possíveis. Mesmo que as transições culturais não tenham a mesma velocidade das inovações tecnológicas, elas acontecem, e ocorrem em pequenas escolhas, atitudes cotidianas e decisões que são sementes de grandes transformações.

O Nós por Elas tem mostrado que protagonismo não é privilégio de poucos, nem algo distante da realidade rural. É uma construção diária, que começa na elaboração do próprio projeto de vida e se expande até a ocupação consciente dos espaços públicos e de decisão. Ver essas mulheres perceberem isso é, para mim, a certeza de que estamos cultivando um futuro mais justo, mais igualitário e com mais vozes femininas no campo e na sociedade.

 

 

Maria da Graça Lucas Vieira é Educadora do Programa Nós por Elas – A voz feminina do Campo. Graduada em Administração e Pedagogia, é mestre em Desenvolvimento Regional

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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