29 de março de 2024

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O impacto da Selic na economia: um estímulo ao consumo

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Por Patrick Silva

 

A taxa básica de juros, a Selic, foi cortada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para 6% – foi o décimo terceiro corte no índice desde que a taxa chegou a 14,25% ao ano, entre julho de 2015 e outubro de 2016. Trata-se da mais baixa taxa de juros da história do Brasil com um objetivo bastante claro: reanimar a economia e incentivar o aumento dos investimentos, com a expectativa de que a medida possa se reverter em benefícios para a economia.

 

Mesmo em seu patamar mais baixo, o mercado já precificou um novo corte para a Selic, estimando que possa atingir 5,75% até o fim do ano. O atual índice está 0,25% abaixo do que as projeções realizadas e, se forem comparados com outros países do G20, o Brasil está muito próximo das grandes economias mundiais: Estados Unidos, 2,25%; China, 4,35%; Índia, 5,75%; Rússia, 7,25%. Na comparação com outras economias da América Latina, a taxa mexicana é de 8,25% e a Argentina, de 55,99%.

 

Em linhas simples, a Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Se essa taxa sobe, os juros de financiamentos, empréstimos e cartões tendem a ficar mais altos, o que reduz o ímpeto pelo consumo – e tende a reduzir a inflação. Por outro lado, como é o caso do Brasil hoje, a redução do valor de financiamentos, empréstimos e cartões tende a estimular o consumo sem necessariamente impactar em um aumento desordenado da inflação. Em junho, por exemplo, o IPCA fechou em 3,37% no acumulado dos últimos 12 meses, quase 1% abaixo da meta estipulada pelo governo, de 4,25%.

 

O Produto Interno Bruto

 

O PIB – o total de riquezas produzidas por um país – é um dos principais indicativos do andamento de uma economia. O corte da taxa Selic visa justamente contribuir para este aumento produtivo. Nos últimos anos, as projeções realizadas pelo Banco Central (e diversas entidades independentes) estão sendo frustradas. Para 2019, por exemplo, o Boletim Focus do BC indicava uma expectativa de crescimento anual de 2,55% — em julho, a previsão já estava em 0,82%.

 

Um dos fatores que afeta diretamente no PIB é o baixo consumo das famílias. Por isso, a Selic e o PIB estão, em tese, diretamente relacionados entre si. Trata-se de um círculo virtuoso: quanto maior o consumo, maior a produção industrial das empresas, reduzindo os estoques e dando sinais de que a retomada econômica está em andamento. O setor de serviços também é impactado, já que as próprias empresas e pessoas físicas têm mais confiança para investimentos e aportes de recursos. Por esse motivo, a queda da Selic pode ser considerada um passo importante em busca da retomada da economia do país.

 

Em um cenário como esse, a taxa de desemprego também tende a se reduzir. Não à toa, os especialistas alegam que se trata do último indicador a melhorar em uma economia ainda anímica. No segundo trimestre de 2019, a taxa de desemprego ficou em 12%, frente a 12,7% entre janeiro a março. Foram criados 621 mil postos de trabalho no período. Até mesmo setores que, historicamente, demoram a se levantar tiveram bons índices, caso da indústria e da construção.

 

Dever de casa e contexto externo

 

A expectativa é que o desemprego siga em queda, especialmente se forem confirmadas medidas como a aprovação da Reforma da Previdência, o andamento de uma Reforma Tributária e a confirmação de acordos comerciais, como o firmado recentemente com a União Europeia. Portanto, o Brasil não está descolado do resto do mundo. Por isso, a guerra comercial entre Estados Unidos e China é um tópico que está no radar e segue em observação, visto que afeta o comércio global como um todo – e pode atrapalhar a recuperação interna.

 

Os norte-americanos estão tarifando os produtos chineses, que por sua vez tentam compensar tais tarifas por meio da desvalorização de sua moeda, entrando assim em um “looping”. Quanto mais a moeda chinesa é desvalorizada, mais tarifas os americanos estão impondo, e aparentemente essa guerra irá seguir até que um dos lados resolva ceder ou simplesmente não aguentar mais. E aparentemente nenhum dos lados sinaliza que isso vai acontecer rapidamente.

 

Patrick Silva é graduado em Ciências Contábeis e membro do Comitê Macroeconômico do ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br)

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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