Por Dennis Moraes
Recentemente, uma história foi contada aqui. Uma história simples, mas que carrega o peso do tempo e das relações humanas. Era sobre uma despedida. Naquele momento de silêncio e lembranças, alguém percebeu que não se tratava apenas do adeus a uma pessoa querida, mas do encerramento de um ciclo inteiro.
Durante a despedida, estavam ali familiares, alguns mais próximos, outros que há muito tempo não se viam. E ficou claro que as famílias já não se reúnem mais como antes. Aqueles encontros cheios de conversas, risadas e abraços ficaram no passado. Com o tempo, cada um passa a cuidar mais da sua própria casa, dos seus compromissos, da sua própria família — e isso é natural. Faz parte da vida, do amadurecimento, da passagem do tempo.
Mas há algo mais profundo nesse fim de ciclo. Existem pessoas que simplesmente não conseguem encarar os finais — talvez porque tenham contribuído, de forma direta ou indireta, para que esses finais acontecessem. Em muitos casos, foram justamente elas que alimentaram a desunião, provocaram rupturas e trabalharam silenciosamente para o afastamento. Quando o ciclo finalmente se encerra, essas pessoas preferem o anonimato. Não aparecem, não comentam, fingem que nada aconteceu. E talvez seja melhor assim, porque encarar o fim exige coragem, e nem todos a têm.
O mais curioso é como, nesses momentos, também aparecem pessoas que demonstram condolências com gestos automáticos, quase obrigatórios. Às vezes, são as mesmas que, em outros dias, foram motivo de dor, de críticas, de injustiças. É como se o luto servisse de cenário para a encenação da empatia. Isso acontece mais do que se imagina.
Mas a essência da história não está no comportamento alheio, e sim no que ela nos ensina sobre a vida. Quando alguém parte, não é apenas uma ausência que se instala. É uma mudança de ciclo. Uma ligação se desfaz, e outras novas se formam. A estrutura muda, as prioridades mudam, e com o tempo, o que parecia um rompimento se mostra apenas como uma transição — o início de novos caminhos.
O fim de um ciclo, por mais difícil que pareça, é inevitável. E talvez o maior aprendizado seja aceitar que isso faz parte do processo natural da existência. As pessoas nascem, crescem, constroem histórias, e um dia, inevitavelmente, partem. Assim é o ciclo da vida: nascer, crescer, reproduzir e morrer.
E nessa jornada, o mais importante é compreender que cada encerramento também carrega o início de algo novo — um recomeço silencioso, que só o tempo se encarrega de revelar.
Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e CEO do Grupo Dennis Moraes de Comunicação. Acesse: dennismoraes.com.br
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