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Nota de R$ 3 com rosto de vereador: o retrato fiel de uma Câmara em falência moral

Imagem Ilustrativa

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Por Dennis Moraes

Durante meses, venho usando este espaço no SB24Horas para alertar sobre a baixa qualidade técnica, política e moral da atual legislatura da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste. Foram artigos, reflexões e denúncias que tocaram num ponto delicado, mas necessário: grande parte dos nossos vereadores não cumpre minimamente o papel institucional para o qual foram eleitos. E agora, o episódio lamentável ocorrido na sessão de ontem só confirma aquilo que, com responsabilidade, já vínhamos denunciando.

Em pleno plenário, foram encontradas notas falsas de R$ 3, impressas com a imagem do vereador Celso Ávila. A provocação, de gosto duvidoso, diz muito mais sobre o ambiente político barbarense do que parece à primeira vista. O que seria uma “brincadeira” de bastidor revela, na verdade, a falta de seriedade, de ética e de respeito pela função pública.

Mas, sejamos justos: esse não foi um episódio isolado. Ele é o reflexo direto daquilo que está apodrecendo há tempos.

No início de março, denunciei que os primeiros 65 dias da atual legislatura foram praticamente nulos em produtividade, mesmo após os vereadores terem aprovado reajustes generosos para os próprios salários — que hoje passam dos R$ 14 mil mensais. Questionei: como justificar tanto dinheiro público para tão pouco retorno real à população?

Logo depois, critiquei a banalização do calendário municipal com projetos sem qualquer estudo técnico, propostos apenas para fazer barulho nas redes sociais. Enquanto temas realmente urgentes, como saúde, educação e segurança, são ignorados ou tratados de forma superficial, o tempo da Câmara é desperdiçado com homenagens desnecessárias e pautas que não dialogam com o dia a dia do barbarense.

Agora, diante de uma nota de R$ 3 com o rosto de um vereador circulando na própria Casa de Leis, fica escancarado o que venho escrevendo: a Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste virou motivo de chacota — e não é por culpa do povo. É por conta dos próprios vereadores.

Transformaram o plenário em palco de vaidades, intrigas internas e jogos de bastidores. Fiscalizar o Executivo? Quase ninguém faz. Apresentar projetos de impacto? São raríssimos. A grande maioria só aparece para se autopromover nas redes sociais ou usar o cargo para benefícios pessoais.

Esse episódio não pode passar batido. Não se trata de uma simples “piada interna”, mas de um sintoma grave de desrespeito institucional. Que moral tem uma Câmara onde esse tipo de coisa é tolerado — ou pior, incentivado nos bastidores?

É hora de responsabilização. O mínimo que se espera é uma investigação formal sobre a origem desse material, uma retratação pública e a tomada de providências para resgatar a credibilidade do Legislativo.

E mais do que isso: é hora de reflexão. A população barbarense precisa acordar. Esse nível de representação é resultado direto do nosso voto. Se continuarmos aceitando candidatos despreparados, elegeremos parlamentos medíocres. E, com isso, perderemos todos.

O episódio da nota de R$ 3 não é engraçado. É triste. É simbólico. E, acima de tudo, é o retrato fiel de uma Câmara que perdeu a noção do papel que deveria exercer .

Que a indignação vire atitude. E que, nas próximas eleições, possamos trocar esse papelão por representação de verdade.

Dennis Moraes é Comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, Jornalista, Feirante e Diretor de Jornalismo do SB24Horas. Acesse: dennismoraes.com.br

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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