Artigo de Fredson M. Rodrigues, pastoralista no Colégio Marista de Brasília.
Entre fé, história e missão, a Padroeira do Brasil continua a inspirar os corações e a missão educativa marista ao longo dos séculos
Em meio às águas do rio Paraíba do Sul, no início do século XVIII, três pescadores lançaram suas redes sem sucesso até encontrarem uma pequena imagem escurecida de Nossa Senhora. Primeiro o corpo, depois a cabeça. A partir daí, as redes se encheram de peixes e o coração do povo se encheu de fé. Assim nasceu a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Mãe que se manifesta entre os simples e faz das pequenas coisas sinais da presença de Deus.
O Brasil cresceu ao redor dessa devoção. Maria, que apareceu nas águas, tornou-se símbolo de unidade em meio à diversidade, presença materna que acolhe todos os filhos, independentemente de origem, cor ou condição. Em 1930, o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, reconhecendo nela o rosto materno de um povo que confia, reza e espera. Desde então, o Santuário Nacional de Aparecida é o coração espiritual da nação.
Os Maristas, filhos espirituais de São Marcelino Champagnat, sempre encontraram em Maria — a Boa Mãe — o modelo perfeito de ternura, zelo e fé ativa. Desde a chegada dos Irmãos Maristas ao Brasil, no século XIX, a devoção à Mãe Aparecida entrelaça-se à história da educação e da evangelização marista. O manto azul de Maria cobre nossas escolas, comunidades e obras sociais, inspirando cada educador a viver a fé com simplicidade e amor. Ser marista é viver sob o olhar de Maria e, como ela, dizer “sim” todos os dias ao chamado de Deus.
Essa presença mariana ganhou novo sentido para mim em maio de 2025 quando participei do 1° Encontro Nacional de Pastoralistas Maristas, realizado no Centro Marista São José das Paineiras, em Mendes (RJ). Foram dias de espiritualidade, partilhas e formação sob o tema “A Hermitage que habita em nós: pastoral em brasilidades”. Durante o evento, aconteceu uma romaria ao Santuário Nacional de Aparecida — e eu, que tantas vezes dizia que “um dia iria”, fui surpreendido por um chamado que não partiu de mim, mas do próprio coração da Mãe.
Ao entrar no Santuário, senti-me pequeno diante da grandeza daquele espaço sagrado. Quando alcancei a rampa da Imagem, pensei estar apenas em uma visita, mas me deparei com uma pequena capela iluminada, onde reluzia a imagem de manto azul e coroa dourada, presente da Princesa Isabel. Fui tomado por uma emoção que não se explica — apenas se vive. As lágrimas vieram, e sem conseguir contê-las, ajoelhei-me, e pensei em tantos milagres que aconteceram ali, diante daquela pequena imagem, de um povo sedento de Deus, sedento do céu e sedento de justiça com a esperança em uma mãe que intercede por um país inteiro. Pedi pela minha família e por um Papa segundo o Coração de Jesus. Às 13h10, enquanto eu me encontrava ao lado dos sinos do Santuário, eles começaram a tocar anunciando a fumaça branca na Capela Sistina. Entendi, naquele instante, que Maria havia transformado minha visita em um encontro especial.
Nossa Senhora Aparecida continua a ensinar ao Brasil que a fé nasce da confiança, que o amor é mais forte que o medo e que Deus se revela nos gestos simples. Ser devoto dela é assumir o compromisso de cuidar, educar e servir com o coração, assim como Champagnat o fez.
No dia 12 de outubro, celebramos não apenas a Padroeira do Brasil, mas a Boa Mãe que caminha conosco e cobre de ternura as escolas, os lares e as estradas da nossa história. Em Aparecida/SP, o Brasil encontra o seu coração, o rosto mais doce da missão que começou com um jovem padre francês e continua viva no amor de Maria.
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