15 de junho de 2024

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Natureza de São Sebastião inspira artistas do mundo todo em refúgio criativo

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Fica no município uma das maiores residências artísticas do Brasil, espaço para troca de experiências e desenvolvimento de ideias e projetos

 

Com mais de 100 quilômetros de costa, muitas praias e enseadas de um lado e a Serra do Mar com Mata Atlântica do outro, São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, é destino de ecoturismo. Também é polo gastronômico, tem turismo histórico e cultural e é terra de esportes como surfe e beach tennis. É, ainda, um lugar que preserva a cultura caiçara, presente no jeito de viver do seu povo. Mas tem algo que poucos sabem e que tem atraído gente de todo o Brasil e de várias partes do mundo. É uma residência para artistas, que fica em Boiçucanga.

 

Por fora, muito parecido com as pousadas da região, o Kaaysá Art Residency, é um espaço que recebe artistas multidisciplinares, músicos e escritores que querem aprimorar suas técnicas ou desenvolver novas ideias com a ajuda de um curador ou com a troca de experiência com outros artistas. Também há aqueles que estão em busca de inspiração e lugar tranquilo para criar, no que a natureza exuberante e a proximidade com o mar ajudam muito. E há, ainda, outros que querem mesmo é distanciarem-se de suas rotinas para dedicarem-se a algum projeto específico, como escrever um livro ou produzir uma exposição. Juntos, formam uma verdadeira comunidade de artistas que vivem um intercâmbio transdisciplinar.

 

Entre os mais de 600 artistas e 40 curadores que já estiveram no Kaaysá, nomes importantes em suas áreas de atuação, como o cineasta, artista e poeta canadense Kevin Andrew Heslop; a artista queniana Agnes Waruguru, que participou da Bienal Sesc Videobrasil e que atualmente expõe na Bienal de Veneza; a pianista e compositora espanhola Clara Peya e a escritora e tradutora Gladhys Elliona, da Indonésia. Do Brasil, já recebeu artistas de renome como o escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Ignácio de Loyola Brandão; o artista multimídia e poeta Hal Wildson; o artista, arte educador e ativista Moises Patricio; a premiada escritora maranhense Lindevania Martins e a artista plástica Marcela  Cantuaria.

 

Assim é o Kaaysá, uma palavra do tupi-guarani, povo que originalmente habitava a região de São Sebastião, e que deu origem à palavra caiçara. Aberto em 2017, é uma empresa privada fundada pela libanesa naturalizada brasileira Lourdina Jean Rabieh, uma administradora de empresas apaixonada pelas artes. Na Europa, estudou e tornou-se avaliadora de obras de arte com passagens por importantes galerias e a casa de leilões Christie’s, de Londres . Já como consultora de artes retornou ao Brasil e abriu antiquário e galeria em São Paulo.  “Mas minha vontade mesmo era ajudar os artistas a se desenvolverem. Aproveitei uma pousada que era da minha família e abri o Kaaysá”, conta.

 

Os brasileiros são maioria entre os residentes, mas Lourdina conta que já passaram pelo Kaaysá artistas de todos os continentes. Os estrangeiros em maior número são dos Estados Unidos, França e Inglaterra, mas também vem gente de países como Austrália, Nigéria, Guatemala, Chile, Portugal, Síria, Jordânia, Japão e África do Sul.  “A residência ajuda a inserir o litoral Norte de São Paulo e mais especificamente São Sebastião no circuito cultural nacional e internacional da arte contemporânea. Boiçucanga torna-se um polo de criação e encontro”, ressalta.

 

Formatos da residência

O programa de residência dura de três a quatro semanas, reúne até 15 artistas. A cada edição é convidado um curador que acompanha individualmente cada artista e coordena atividades coletivas, que vão de roda de conversa entre os artistas à interação com a natureza e o povo de São Sebastião: expedição a ilhas, cachoeiras, praias e trilhas, visitas a pontos turísticos do município, ao centro histórico da cidade, à reserva indígena Guarani e vivência com pescadores e com alunos de escolas públicas. Conceitos como participação, troca e vida coletiva são peças-chave da residência artística, que sugere uma colaboração com a comunidade local.

 

O Kaaysá também tem uma modalidade em que cada artista formata sua residência e o tempo de duração. E há opção para o artista que queira montar seu grupo e atuar como coordenador. Além de oferecer toda a infraestrutura de hospedagem, de acordo com Lourdina, o espaço também coloca à disposição ateliê coletivo, forno de cerâmica, marcenaria, instrumentos musicais e até estúdio para gravação. Em breve estarão disponíveis mais duas salas para dança, teatro, exibição de vídeos e exposições. “Tudo acontece de forma orgânica, de acordo com o tempo ou os interesses coletivos. Um ambiente que possibilita conexões profundas com pessoas e com a natureza, estimulando um fluxo constante de ideias e trocas fora do comum”, atestou Helen McClory, escritora da Escócia que já passou pela residência artística.

 

Além da residência artística ser um espaço para criação e pesquisa dos artistas, é também uma forma de São Sebastião atrair novos turistas. “Há grande probabilidade de familiares e amigos do artista em residência virem para São Sebastião para visitá-lo, assim como de voltarem em outra ocasião especialmente para fazer turismo”, afirma Adriana Augusto Balbo, secretária de Turismo de São Sebastião. Ela ressalta que há outros atrativos culturais no município, como o Ateliê Cerâmica do São Francisco, que produz as famosas panelas de barro feitas com a técnica indígena do acordelamento. Além de vender peças variadas feitas em barro, também recebe locais e turistas para uma experiência com a cerâmica.

 

Beco da Mulher Maravilha

 

Outra referência em cultura em São Sebastião é o Beco da Mulher Maravilha, que fica em Maresias. É uma rua que funciona como uma galeria de grafites a céu aberto. “Ao caminhar por lá se tem contato com grafites de artistas locais e convidados que contribuíram para a arte urbana da cidade. É, também, um espaço onde são realizados shows, palestras, feiras artesanais com comidas e bebidas de comerciantes da região, além de lojinhas para visitar”, acrescenta Adriana.

 

Outro passeio cultural de São Sebastião é pelo centro histórico. Ruas de paralelepípedos serpenteiam entre casarões coloniais coloridos, revelando séculos de história em cada esquina. As fachadas preservadas contam a história da cidade, desde os tempos coloniais até os dias atuais, enquanto igrejas centenárias e praças pitorescas oferecem refúgio para contemplação.

 

Sobre São Sebastião

São Sebastião, no Litoral Norte, é uma das regiões mais encantadoras da costa brasileira. São mais de 50 praias, enseadas e ilhas emolduradas pelo encontro da Mata Atlântica com as areias brancas e o azul do mar, de Boracéia até o Canto do Mar. Não à toa atrai amantes do sol, surfistas e famílias em busca de momentos inesquecíveis à beira-mar. A cidade oferece uma rica herança histórica, com igrejas seculares e charmosas construções coloniais. A gastronomia local é uma verdadeira delícia, com uma variedade de restaurantes, bares e quiosques à beira da praia, onde os visitantes podem saborear frutos do mar frescos e pratos típicos da região. Além disso, São Sebastião é um polo cultural, com eventos durante todo o ano, de festivais de música a celebrações tradicionais.

 

Serviço

Mais detalhes sobre em @turismosaosebastiao, @ kaaysa_artresidency/ e @ atelieceramicadosao

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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