O crescimento de 470% em 11 anos no número de mortes envolvendo acidentes com motos em Campinas reflete a realidade de medo vivida pelos motociclistas. Em 2000, a taxa de mortalidade em acidentes deste tipo era de 1,3 por 100 mil habitantes na cidade, sendo que em 2011 o índice subiu para 7,4 a cada 100 mil pessoas.
Para Robson Benecazi, dono de uma motocicleta, o aumento tem relação com o despreparo dos próprios motociclistas. Elton Coutinho, que trabalha em Campinas e mora em Hortolândia, conta que a sensação no caminho feito todos os dias é de incerteza. Já Marcelo Automari acredita que a imprudência não só de motos, mas também de carros foi o que gerou o crescimento no número de óbitos.
Segundo o especialista em trânsito José Almeida Sobrinho, a alta no índice no período de 11 anos tem relação com a maneira com que o veículo é tratado. De acordo com ele, os dados apresentados pelo Boletim da Mortalidade feito pela Unicamp e pela Secretaria Municipal de Saúde refletem não só a fácil aquisição e utilização, como também a falta de políticas públicas para esse tipo de transporte.
Em 2011, das mais de 4,6 mil internações por causa externas nos hospitais do SUS ou conveniados em Campinas, 893 foram acidentes de trânsito. Deste total, 63% foram ocupantes de motos, sendo que a faixa etária mais atingida é a de 20 a 29 anos. Para o Secretário Municipal de Saúde de Campinas, Carmino de Sousa, os custos sociais e públicos gerados pelos acidentes de trânsito são altos. Ainda de acordo com o estudo, apenas 33,6% dos acidentes de trânsito que envolvem motos não têm vítimas fatais.