26 de abril de 2024

SB24HORAS

Notícias na hora certa!

Interrupção ainda é barreira a ser vencida por mulheres

Compartilhe essa notícia!

Neste mês dedicado à elas, psicóloga fala sobre como agir quando uma mulher é interrompida por homem e impedida de se manifestar

Uma mulher está falando e é interrompida por um homem que não a deixa concluir sua fala. Não importa o ambiente, pode ser no trabalho, na roda de amigos e até mesmo em casa, a situação é conhecida e tem até nome: menrupting ou o mais conhecido, manterrupting. Uma pesquisa feita pela Universidade George Washington, e depois por Kieran Snyder, PhD em linguística e líder de equipes na Microsoft e Amazon, mostrou que mulheres não avançam em suas carreiras a partir de certo ponto se não aprenderem a interromper – ao menos em um ambiente de tecnologia dominado por homens.

A psicóloga Adriane Garcia de Paula, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que existe um processo de aprendizado social que beneficia o ser masculino e que é reforçado e normatizado pela sociedade, pois não há um processo de consciência dos aspectos maléficos desse aprendizado. “Não costumamos avaliar ou criticar o que nos foi entregue como aprendizado na nossa infância e juventude. Nossa fase adulta não é, muitas vezes, reflexiva e sim piloto automático, repetindo todos os hábitos aos quais tivemos acesso e não questionamos sobre sua validade, eficácia e/ou funcionalidade”.

Psicóloga Adriane Garcia explica como as mulheres podem lidar com situações de interrupção em seu momento de fala
Arquivo Pessoal

Pela sociedade na qual estamos inseridos, muitas mulheres ainda aceitam essas situações, mas a especialista conta como entender que elas podem ter voz. “O primeiro sinal de que há algo errado é compreender que equalizar os processos de representatividade significa se preocupar, sim, com o tempo de fala. O segundo é explorar melhor os fundamentos do seu pensamento, que a impeça de perceber que ela é uma pessoa importante, de valor e que não precisa se rebaixar por situações que julga ser inferior”, detalha Adriane.

De acordo com a psicóloga, se impor perante essas situações de interrupção pode não ser o melhor caminho. “Se impor nem sempre pode trazer resultados satisfatórios, mas se posicionar pode ser bastante reflexivo”, diz. Por isso, Adriane Garcia ressalta a melhor maneira de agir nesses momentos: “as melhores formas de lidar com situações constrangedoras ou desagradáveis são se posicionar, sendo firme, colocando seu sentimento em relação aquele processo e dizendo ao outro qual seria a melhor forma de ser assertivo”.

Além disso, a especialista salienta formas de evitar que esses maus comportamentos se perpetuem nas próximas gerações. “É papel dos pais ensinar a normalidade e a igualdade no tratamento dos semelhantes. Não se trata de uma questão de gênero e, sim, de uma questão de humanidade. Tratar o outro com respeito é o princípio básico para tratarmos as mazelas sociais”, ressalta Adriane Garcia.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
Compartilhe essa notícia!