Pelos próximos três anos, a companhia aérea brasileira e a norte-americana compartilharão voos
No dia 15 de setembro de 2021, a Gol e a American Airlines anunciaram um acordo exclusivo de codeshare (compartilhamento de voos), válido pelos próximos três anos. Além disso, também haverá uma integração entre seus programas de fidelidade.
O acordo deve proporcionar melhores condições de turismo acessível, que consiste em um conjunto de ações para promover a inclusão social e o acesso de pessoas portadoras de deficiência ou limitações de mobilidade à aeronave e à atividade turística.
Como parte do negócio, a Gol recebeu um investimento de US$ 200 milhões da companhia aérea norte-americana em troca da venda de 5,2% das suas ações.
A companhia aérea brasileira informou que o aporte realizado pela American Airlines fez com que a empresa levantasse quase R$ 4 bilhões de capital a longo prazo no último semestre.
Sobre o acordo
O acordo entre as companhias foi feito da seguinte forma: a Gol emitiu mais de 2 milhões de ações preferenciais e a American Airlines adquiriu os papéis a R$ 47,03 cada.
O valor de compra foi bem maior do que o registrado um dia antes do acordo, quando a ação foi cotada a R$ 19,28. Além disso, superou até mesmo a média registrada no fim de 2019, antes da pandemia, que chegou a R$ 35,68.
Em nota, o diretor vice-presidente financeiro da Gol, Richard Lark, afirmou que o investimento da companhia aérea norte-americana representa o “reconhecimento do valor” da Gol.
Por sua vez, o presidente da companhia aérea brasileira, Paulo Kakinoff, disse que o acordo “fortalecerá ainda mais a presença da Gol nos mercados internacionais, acelerará nosso crescimento de longo prazo e maximizará o valor para nossos acionistas”.
Ele também afirmou que “ratifica a confiança no crescimento da Companhia conforme a economia se reabre e a demanda por viagens aumenta”.
Com acordos de compartilhamento de voos, as companhias aéreas têm capacidade de aumentar suas demandas por passagens pelo fato de expandirem suas malhas aéreas.
Cenário pós-pandemia
Quando o mercado aéreo estava em baixa devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19), a única saída das empresas foi reduzir ao máximo os custos para se manter no mercado.
Agora, com a volta dos funcionários e os altos custos por conta da desvalorização da moeda brasileira, a obrigação de caixa se faz necessária para que as companhias aéreas não percam “market share” (participação no mercado).
Em julho, a Gol transportou quase 32% dos viajantes dentro do território nacional, a Azul ficou a maior parte da fatia (36%) e a Latam com pouco mais de 31%.
No mês de julho de 2019, antes da pandemia, a Gol foi responsável por 40% dos voos, a Latam por quase 33% e a Azul por pouco mais de 27%.
Ações da Gol
Antes dessa injeção financeira, o Credit Suisse (banco suíço de investimento e provedor de outros serviços financeiros) divulgou um relatório afirmando que a situação de liquidez da Gol era preocupante.
“A geração de fluxo de caixa fraca, o aumento da competitividade da Azul, a fraca posição de liquidez, a estrutura de custos pesada e um foco obscuro da estratégia ESG nos tornam menos otimistas (em relação à Gol)”, disse o banco suíço.
Tudo isso, aliado a uma estrutura de custos pesada, fez com o que o Credit Suisse classificasse as ações da Gol como “underperform” (abaixo do esperado).
Entretanto, o codeshare entre a companhia brasileira e a norte-americana pode dar um novo fôlego à Gol nessa etapa de retomada, uma vez que o capital é imprescindível para que as empresas voltem a acrescentar novas rotas na sua rede de voos (malha aérea).