5 de dezembro de 2024

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Gerando Vidas: Fertilização in Vitro – Quantos embriões são transferidos ao útero?

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Uma das maiores preocupações dos casais, e também dos médicos, nos tratamentos de Fertilização in Vitro são quantos embriões serão transferidos ao útero. Existem muitos lados para uma simples moeda que podem influenciar a decisão final. Muito melhor entender sobre este delicado assunto, antes de assumir esta importante responsabilidade.

Principal ponto:

NÃO DEVE SER NOSSO OBJETIVO BUSCAR UMA GESTAÇÃO DE GÊMEOS.

Isso já pode de imediato frustrar muitos casais, e ao mesmo tempo aliviar outros. A gravidez de gêmeos traz algumas preocupações sérias que devem ser evitadas. A principal delas é o nascimento prematuro que costuma ocorrer. Apesar de existirem muitos recursos pediátricos para dar boas condições a estes bebês, elevamos alguns riscos para estas crianças e devemos evitar que isto ocorra.

MAS ENTÃO, POR QUE A MAIORIA DAS PACIENTES TRANSFEREM MAIS DO QUE UM EMBRIÃO?

Porque não sabemos se o tratamento vai dar certo. Cada embrião, em pacientes jovens, carrega uma chance de aproximadamente 25% de conseguir realmente engravidar. Por isso, muitas vezes colocamos um número maior de embriões, torcendo para que pelo menos um fique, dando uma chance de 50% para o tratamento dar certo. Mas desta forma, elevamos o risco para 25% dos dois se desenvolverem.
Quanto maior a idade da mulher, menor a possibilidade de um resultado positivo. Em mulheres com idade avançada, o risco dos embriões não conseguirem se desenvolver é elevado. Isso faz que sejamos mais “corajosos” em transferir um número maior de embriões.

Para colocar regras, em 2012 o Conselho Federal de Medicina estabeleceu o número máximo de embriões que PODEM (não necessariamente devem) ser transferidos, de acordo com a idade da mulher:

– Até 35 anos: 2 embriões
– 36 a 39 anos: 3 embriões
– Maior que 40 anos: 4 embriões

 

O QUE EU PENSO SOBRE ISSO?
Que deveríamos lutar fortemente na busca de uma gestação única. Não foram poucas as vezes que transferimos apenas um embrião em mulheres com mais de 35 anos por uma decisão conjunta. Temos que avaliar com cuidado a QUALIDADE dos embriões que estamos trabalhando e somar os dados clínicos (idade da mulher e causa da infertilidade) para tomarmos a melhor decisão.

Não podemos esquecer que podemos CONGELAR OS EMBRIÕES REMANESCENTES. Mantendo guardada nossa expectativa sem precisarmos “arriscar tudo na primeira”.

Mas, na prática é muito difícil aplicar isso. Sabemos que o casal já teve um alto investimento financeiro, físico e emocional. Transferir apenas um embrião significará diminuir a chance da primeira tentativa e poderá levar a custos extras nas próximas. Também sabemos que muitos aceitam, ou até mesmo querem ter gêmeos. Tudo isso faz pesar a balança para transferir mais do que um embrião.

Uma estratégia para auxiliar nesta decisão é realizar o estudo genético do embrião (PGD). Quando aplicamos este exame e sabemos que temos um embrião geneticamente normal, consideramos que ele carrega uma chance de aproximadamente 70% de conseguir engravidar. Logo, pesamos muito para a transferência de embrião único.

Com viram, não é um assunto tão simples como parece. Muitos laboratórios incentivam a transferência de mais embriões em busca de maiores taxas de gravidez. Lembrem apenas que não estamos tratando de números e sim de pessoas que merecem um cuidado maior.

 

Dr. Davi Buttros – Médico Especialista em Reprodução Humana. Formado pela PUC-SP, residência e mestrado pela UNESP-BOTUCATU. Aprimoramento em Reprodução Assistida na Universidade de Harvard-EUA e no Fertility Center Hamburg – Alemanha

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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