26 de abril de 2024

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Fim de Semana com 3 dias: é possível no Brasil?

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O Human Resource Management, popularmente conhecido como HRM, está relacionado à gestão de Recursos Humanos. Trata-se de um conjunto de técnicas, ferramentas e noções que, quando corretamente utilizadas, auxiliam na administração do capital humano (ou seja, dos colaboradores, chefes e afins) de uma companhia.

 

É dever da gestão de RH oferecer aos funcionários um espaço onde haja segurança para falar sobre aquilo que se sente e acredita, promovendo não apenas conhecimento geral sobre os valores pregados pela empresa, mas garantindo que todos se sintam acolhidos, abrigados e capacitados para ocupar o local onde estão.

 

De forma simplificada, o RH deve garantir às pessoas que tenham o suporte adequado para desenvolver as suas atividades de forma produtiva, inteligente, comprometida e agradável.

 

Com o intuito de fazer isso, a gestão deve estar atenta às transformações que têm surgido em diversas partes do mundo e em companhias de grande porte, tanto para atualizar o funcionamento da empresa quanto para verificar a possibilidade de implementação de determinadas ideias em um contexto particular e culturalmente diferente.

 

No final de 2019, pouco antes do início da pandemia do novo coronavírus, a Microsoft japonesa implantou um fim de semana de três dias. O conceito, que ainda não é muito discutido em terras brasileiras, colaborou imensamente para a satisfação dos colaboradores e para o crescimento da empresa. Falaremos mais sobre isso a seguir.

Fim de semana de três dias: entenda melhor

Segundo artigo publicado no G1, o Japão é conhecido por ter uma jornada de trabalho bastante extensa: quase um quarto das companhias japonesas exigia que os seus colaboradores cumprissem mais de 80 horas extras por mês.

 

O resultado disso, como podemos imaginar, é que boa parte da população japonesa manifesta sintomas de estresse profundo, os quais desembocam inclusive em suicídios – o Japão, infelizmente, também é recordista nisso.

 

Em 2019, houve a introdução de uma nova lei trabalhista: a partir de sua aprovação, as horas extras legais foram limitadas para 45h por mês e 360h por ano.

 

Com a implementação do chamado fim de semana de três dias, fez-se uma descoberta interessante: com a diminuição de horas de trabalho na semana, a produtividade aumentou.

 

Isso tem explicação: com uma semana de trabalho reduzida, os funcionários precisam utilizar as suas horas de expediente de forma mais direcionada e efetiva, o que aumenta a produtividade.

 

Para que isso acontecesse, foi necessário também fazer algumas alterações que possivelmente também colaboraram para o bem-estar e o foco dos funcionários: reuniões foram cortadas, encurtadas ou levadas para o ambiente virtual. Quantas vezes você já ouviu aquela expressão cômica, mas real, de que “algumas reuniões poderiam ter sido e-mails”?

 

Dentro do período de testes feitos na Microsoft, outros dados também chamaram a atenção: durante o mês em que foi testado o final de semana de três dias, os funcionários tiraram 25,4% menos dias de folga, imprimiram cerca de 58% menos páginas e consumiram 23,1% menos eletricidade.

 

Ao final do período, uma pesquisa feita entre os funcionários demonstrou que 92,1% estavam satisfeitos com a mudança na jornada de trabalho. Está nos planos da Microsoft implementar o estudo novamente em breve e não é impossível que isso se torne habitual.

Finais de semana de três dias no Brasil: isso seria possível?

Há aproximadamente quatro anos, uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho tocou no assunto: segundo o TST, o número de dias de repouso semanal remunerado pode ser ampliado, desde que haja acordo coletivo, uma vez que os sindicatos possuem autonomia.

 

Explicamos: os sindicatos podem estabelecer normas que dialoguem diretamente com a realidade do trabalho de suas categorias. A CLT e a Constituição, embora fundamentais para a não-exploração do trabalhador, falam sobre a realidade do trabalho de uma maneira mais geral.

 

Isso não significa, porém, que seja algo tão simples: a retirada de um dia de trabalho pode parecer muito interessante, mas ela deve ser compensada. Não é possível retirar um dia útil e piorar as condições de trabalho atualmente estabelecidas pela CLT (jornada com limite de 44h por semana, com o máximo de 10h por dia).

 

Um final de semana de três dias que dialogasse com as possibilidades trabalhistas brasileira deveria seguir uma das duas regras: ou o trabalhador faria uma jornada de 10h, quatro vezes na semana, ou faria isso e mais quatro horas na sexta-feira, contabilizando 44h semanais.

 

Como se pode ver, trata-se de um assunto que ainda precisa ser melhor compreendido e abordado por aqui.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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