19 de maio de 2024

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Falta de higiene bucal pode levar ao câncer, indica estudo

(crédito: divulgação istock)

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Má escovação, sangramento bucal e perda de dentes aumentam a chance de aparecimento da doença, que costuma ser diagnosticada em estágio avançado

 

A falta de higiene bucal está diretamente associada a um risco maior de desenvolvimento de câncer de boca, pescoço e cabeça, conforme mostrou uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP). Má escovação, sangramento bucal e perda dentária são fatores de risco que aumentam em até quatro vezes a chance de surgimento da doença.

 

Segundo o estudo, a desregulação na microbiota – grande variedade de bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos unicelulares presentes no organismo humano – e as inflamações na boca favorecem o desenvolvimento do câncer em mais de uma parte do corpo, com a possibilidade de ocorrer metástase para outros órgãos.

 

Uma das responsáveis pela pesquisa, a cirurgiã-dentista e doutora em Ciências Odontológicas Nayara Fernanda Pereira afirmou que pessoas com má higiene na boca possuem maior formação de nitrosamina endógena, um composto químico cancerígeno, o que faz com que células desse tipo se multipliquem, contribuindo com o mecanismo do tumor, que é bastante complexo e variável.

 

O câncer da boca, também conhecido como câncer de lábio e de cavidade oral, é um tumor maligno que atinge diversas estruturas da boca, como lábios, gengivas, língua e a região embaixo dela, bochechas e céu da boca. A maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

 

Dados da mesma entidade estimam que houve, nos últimos três anos no Brasil, 11.180 novos casos da doença em homens e 4.010 em mulheres. Entre 2018 e 2019, o país registrou, em média, 14,7 mil novos casos de câncer de cavidade oral por ano. As regiões Sul e Sudeste têm as maiores taxas de incidência e mortalidade pela doença.

 

Outra tese concluída no estudo é a de que existe um conjunto de bactérias específicas que prejudicam a imunidade, tornando o ambiente da boca propício ao crescimento exagerado de microrganismos e criando um meio favorável para a propagação de células cancerígenas, que podem se espalhar até chegar na garganta, pescoço e cabeça, por exemplo – neste caso, trata-se de uma metástase.

 

Quase mil casos foram analisados, e o banco de dados do projeto Gencapo (Genoma dos Cânceres de Cabeça e Pescoço) foi utilizado no estudo para chegar aos resultados. Na comparação entre os grupos observados, os pacientes com câncer tinham mais dentes perdidos, maior sangramento na gengiva, menor frequência de escovação dentária e relataram menos periodicidade nas idas ao dentista.

 

Além dos resultados científicos obtidos, a especialista, que é formada na faculdade de Odontologia, afirma ainda que a incidência desse tipo de câncer é maior nas pessoas com o nível socioeconômico mais baixo, devido ao acesso restrito a informações sobre os fatores de risco e as formas de prevenção, que incluem a boa higiene bucal e pelo menos duas idas anuais ao dentista.

 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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