A Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram nesta quarta-feira (10) o nível de alerta ante a “ameaça vital” representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis a qualquer momento, de acordo com a aproximação do aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.
O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de três para dois o nível de alerta – o nível um é sinônimo de guerra, o quatro equivale a tempos de paz – ao alegar uma “ameaça vital”, informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.
Um lançamento de míssil pode acontecer a “qualquer momento a partir de agora”, afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yun Byung-Se, no Parlamento. Ele advertiu Pyongyang que tal ato provocaria novas sanções da ONU.
O lançamento pode coincidir com a visita a Seul do secretário de Estado americano, John Kerry, e do comandante da Otan, Anerd Fogh Rasmussen, que chegarão à capital sul-coreana na sexta-feira (12).
Japão
A Coreia do Norte ainda ameaçou nesta quarta-feira (10) transformar o Japão em um “campo de batalha”, com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado.
Em um editorial publicado hoje pelo jornal “Rodong Sinmundo”, pertencente ao partido único norte-coreano, o regime também ameaça causar a “destruição” do Japão se esse país agir politicamente contra a Coreia do Norte, em um momento de elevada tensão na península pelas contínuas ameaças bélicas norte-coreanas.
Diante das ameaças norte-coreanas, o Japão anunciou nesta quarta-feira que se encontra em “estado de alerta” para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago. Na terça-feira (9), baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio e ao redor da capital.
O regime norte-coreano, ignorando as advertências da vizinha e aliada China, enviou na semana passada para sua costa leste dois mísseis Musudan, com um alcance teórico de 4.000 quilômetros, ou seja, capacidade para atingir a Coreia do Sul, o Japão ou a ilha americana de Guam, segundo Seul.
A inteligência militar sul-coreana afirma que o Norte está disposto a efetuar um disparo que poderia acontecer por volta de 15 de abril, dia do nascimento do fundador da República Democrática Popular da Coreia, Kim Il-Sung, morto em 1994.
O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, pediu a redução das tensões, que considera “muito perigosas”.
O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.
Segundo uma fonte do governo citada pela agência Yonhap, o Norte poderia lançar vários mísseis, pois foram detectados deslocamentos de veículos lançadores que transportavam Scuds – com um alcance de centenas de quilômetros – e Rodongs, capazes de viajar pouco mais de mil quilômetros.
“Existem crescentes indícios de que são preparados os lançamentos de vários mísseis”, afirmou a fonte.
Ameaças
Visivelmente irritada com a reação de parte da comunidade internacional, que considera suas ameaças pura atitude retórica, a Coreia do Norte elevou ainda mais o tom com a ameaça de uma “guerra termonuclear” e a recomendação para que os estrangeiros abandonem a Coreia do Sul.
Pyongyang advertiu os países que têm representação diplomática no país que não poderia garantir a segurança das missões a partir de 10 de abril.
Nesta quarta-feira, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechada para os turistas, mas permanecia aberta para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.
“As agências de viagem não estão autorizadas a seguir, já que o governo norte-coreano pede aos estrangeiros que deixem o país. Até onde sei, os empresários podem entrar e sair livremente da Coreia do Norte”, afirmou a fonte, que pediu anonimato.
Pyongyang retirou na terça-feira os 53 mil funcionários norte-coreanos que trabalham no polo industrial de Kaesong. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.
“Estado de guerra”
A Coreia do Norte multiplicou as declarações belicosas depois que a ONU adotou novas sanções por supostos testes nucleares realizados pelo país. Também expressou irritação com as manobras militares conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul em território sul-coreano.
No dia 30 de março, Pyongyang anunciou que se encontrava em “estado de guerra” com a Coreia do Sul, depois de ter rompido todas as comunicações diretas entre os governos e os exércitos dos dois países, no dia 27.
A tensão na península é grande desde dezembro, quando o Norte executou com sucesso um lançamento de foguete, considerado pelos Estados Unidos e a Coreia do Sul como um disparo de teste de míssil balístico.
Em fevereiro, Pyongyang executou um terceiro teste nuclear, o que provocou a adoção, no início de março, de novas sanções pelo Conselho de Segurança da ONU.
Em protesto contra as manobras militares conjuntas realizadas por Coreia do Sul e Estados Unidos, o governo do Norte declarou nulo o armistício que interrompeu a guerra da Coreia em 1953 e ameaçou com um “ataque nuclear preventivo” contra alvos sul-coreanos e americanos.
Os governos da Coreia do Sul e Estados Unidos já alertaram Pyongyang sobre as severas repercussões de qualquer agressão.
(Com agências internacionais)