20 de abril de 2024

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Estudo aponta prevalência de 1 a cada 44 crianças com autismo

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O aumento da prevalência é significativo em comparação ao estudo anterior, em que se observava 1 a cada 54 crianças

 

Por Dra. Deborah Kerches

 

Uma a cada 44 crianças (aos 8 anos de idade) é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com a pesquisa mais recente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (do inglês, Centers for Disease Control – CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, divulgada em 2 de dezembro de 2021. O relatório traz dados de 2018, de 11 comunidades dos EUA, da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências (do inglês, Autism and Developmental Disabilities Monitoring – ADDM).

O aumento na prevalência é significativo em comparação ao estudo anterior, que trazia dados de 2016 (e foi publicado em 2020), em que se observava uma prevalência de 1 para cada 54 crianças diagnosticadas com TEA.

Ainda de acordo com o estudo, a prevalência do TEA entre meninos e meninas é de 4,2 meninos para 1 menina, semelhante ao resultado do estudo anterior. Porém, em relação a isso, já há algum tempo, a comunidade científica estuda a necessidade de critérios mais específicos para o diagnóstico do espectro autista em meninas, uma vez que o cérebro feminino apresenta maior capacidade para habilidades sociais e empatia, além de menor tendência a comportamentos externalizantes (como, por exemplo, agitação, agressividade), o que pode atrasar um real diagnóstico.

Uma grande pesquisa dedicada especificamente a esta questão encontrou uma proporção estimada do TEA entre meninos e meninas diferente, mais próxima de 3:1, ao invés de 4:1. Um dado importante que sugere que meninas que atendem aos critérios para TEA podem não estar sendo avaliadas e diagnosticadas (especialmente precocemente).

Ainda segundo o estudo mais recente publicado pelo CDC, entre as 3.007 crianças diagnosticas com TEA, e que apresentavam no relatório dados sobre habilidades cognitivas, 35,2% foram classificadas como tendo um escore de quociente de inteligência (QI) ≤70.

No Brasil, não há estudos estatísticos em nível nacional acerca do espectro autista, mas, acredita-se que a proporção seja similar à encontrada nos EUA. Trazendo esse dado de prevalência mais atual para o contexto de Brasil, teríamos cerca de 4,84 milhões de autistas no país.

Mas, na prática, o que significa esse aumento de prevalência? Os casos de autismo têm, de fato, aumentado? Essa questão tem sido amplamente discutida nos últimos anos, e acredita-se que esse aumento da prevalência esteja refletindo: a expansão e melhora dos critérios diagnósticos do TEA com a 5ª revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5); mais recursos e esforços direcionados ao TEA; possíveis diferenças na metodologia dos estudos; componentes ambientais como o aumento das taxas de sobrevivência de prematuros, o que pode aumentar o risco para TEA; além de maior conscientização a respeito das características do espectro autista entre a sociedade como um todo, e de profissionais mais capacitados para reconhecimento do TEA em crianças previamente diagnosticadas com Deficiência Intelectual ou outra condição do neurodesenvolvimento.

 

 

Dra. Deborah Kerches (CRM 102717-SP/  RQE 23262-1), é neuropediatra especialista em Transtorno do Espectro Autista; autora do livro Best-Seller: “Compreender e acolher Transtorno do Espectro Autista na infância e adolescência”; conselheira profissional da REUNIDA (Rede unificada nacional e internacional em defesa das pessoas com autismo); mestranda em Análise do Comportamento pela PUC-SP; coordenadora e professora de pós-graduações do CBI of Miami e madrinha do Projeto Social Capacitar para Cuidar em Angola. Tem uma página no instagram @dradeborahkerches com conteúdos sobre TEA, neurologia e saúde mental infantojuvenil.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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