19 de março de 2024

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E se as pedras falassem?

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Por Letícia Sauthier

Viver na Terra Santa é tentar diariamente “ouvir” as pedras! Elas “contemplaram” a história e os acontecimentos, são “testemunhas” fiéis, milenares porém silenciosas! A Terra Santa é um lugar único no mundo! Único na sua arqueologia, geografia, história, cultura, religião e sociedade. Desde a antiguidade, é uma terra de contrastes e contradições e até os dias de hoje desperta curiosidade, interesse e fascínio, nos eruditos e iletrados, ricos e pobres, crentes e incrédulos.

Uma pequena faixa de terra no globo terrestre, localizada na junção de 3 continentes (Ásia, África e Europa), banhada por 4 mares diferentes (Mar Mediterrâneo, Mar Vermelho, Mar Morto e Mar da Galiléia). Possui uma vida animal e vegetal rica e diversificada. Em curtas distâncias se vai das montanhas às planícies, das terras férteis aos desertos. Repleta de pedras e plena das mais variadas espécies de flores e frutos (tâmaras, figos, azeitonas, romãs). Há características climáticas também contrastantes de calor intenso e sol escaldante, bem como chuva e neve. Estiagem e aridez intensa, tempestade de areia e águas torrenciais em tempos de chuva. 

O Oriente Médio é cenário das antigas civilizações, de guerras e conquistas, rastros deixados ao longo dos séculos. Até hoje há descobertas arqueológicas importantíssimas que remontam a um passado bem distante, mas ao mesmo tempo tão próximo. As pedras não falam, mas se pudessem, elas teriam muito a nos dizer. 

É importante ressaltar que a Terra Santa tem uma população diversificada, de várias origens étnicas, religiosas, culturais e sociais. Com raízes muito antigas, aqui convivem diversos povos, entre eles judeus, árabes (cristãos e muçulmanos), drusos, beduínos. As duas principais línguas são o hebraico e o árabe, mas há quem fale o aramaico, o armeno, o grego, o russo. Por aqui se ouve praticamente todas as línguas na boca dos milhares de turistas, mas, devido à pandemia, as fronteiras estão fechadas. 

A Terra Santa é o berço das três religiões monoteístas: o judaísmo, o islamismo e o cristianimo. Para cá se dirigem peregrinos do mundo todo, procurando ver e experimentar os lugares santos. Como também moram muitos religiosos e religiosas que dedicam suas vidas a guardar os santuários e a promover a vivência da fé. 

Foi exatamente nesse contexto que meu esposo e eu viemos morar na Terra Santa, em 2018. Somos uma família missionária e isso é bem comum por aqui. Pertencemos à Canção Nova, uma comunidade católica brasileira que, através de uma parceria com os franciscanos, atua no “Christian Media Center”. Um instrumento de comunicação da Custódia Franciscana, cuja missão é levar a Terra Santa, na sua diversidade, mostrando suas belezas e riquezas através de notícias, festividades e celebrações litúrgicas próprias deste local. Ultrapassando a desinformação espalhada no mundo, a boa notícia tem sido proclamada aos quatro cantos. 

Aqui Jesus nasceu, aqui Ele viveu, por estas ruas Ele andou e realizou milagres! Porém ainda hoje os cristãos são um pequeno grupo, uma minoria, mantida espiritual e materialmente pela Igreja do mundo todo, uma vez que ainda enfrenta muitas dificuldades. No entanto, eles não estão no anonimato. Aqui, os cristãos locais são conhecidos como “as pedras vivas da Terra Santa”. 

E, de fato, estas pedras sim, falam, e permanecem oferecendo um eloquente testemunho a ser ouvido: o amor é a linguagem universal capaz de ser compreendida e vivida por todos. Esta terra, tão singular e contrastante, porta em si uma profecia de paz, mas é preciso saber ouvir!

Todos exclamavam: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Do meio da multidão, alguns dos fariseus interpelaram Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” Ele, porém, respondeu: “Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras falarão” (Lc 19, 38-40).

Letícia Sauthier Medeiros é missionária da Comunidade Canção Nova e atualmente mora na Frente de Missão na Terra Santa.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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