29 de março de 2024

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Diabetes causou média de 46 amputações por dia em 2021

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O pé diabético, que pode levar ao problema, representa um dos motivos principais para hospitalização; ABTPé ressalta cuidados

O diabetes é uma doença que afeta mais de 16,8 milhões de brasileiros, segundo a International Diabetes Federation. Em 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que reforça o alerta ao problema que tem, entre as principais complicações, as amputações de membros inferiores.

De acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro de 2021, foram realizadas 12.639 cirurgias de amputações de membros inferiores, como pés e pernas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), decorrentes da diabetes. O número equivale à média de 46 procedimentos por dia e é 4,18% maior do que o registrado no mesmo período de 2020 (12.132 amputações).

A diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta ou da incapacidade para a insulina exercer adequadamente seus efeitos. Pessoas com diabetes apresentam potencial para o surgimento de úlceras nos pés, uma das complicações mais comuns e que podem levar à amputação de um membro ou parte dele.  Estima-se que 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida. Um dado da International Diabetes Federation, de 2019, ressaltou que, mundialmente, a cada 20 segundos um membro inferior – pé ou perna – é amputado em decorrência das complicações da diabetes.

“O diabetes pode causar problemas graves nos pés, que incluem a neuropatia, com alteração da sensibilidade, e vasculopatia, com prejuízo da circulação local. Essas duas condições associadas facilitam o aparecimento e a dificuldade de cicatrização das referidas úlceras cutâneas, que podem evoluir para infecções de pele (celulite), infecções ósseas (osteomielite), coleções de pus (abcessos) e até gangrena”, fala o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José Antônio Veiga Sanhudo.

O especialista explica que os sintomas da neuropatia incluem a perda parcial ou total da sensibilidade do pé (toque, temperatura e dor) e alterações da sensibilidade que frequentemente se expressam como formigamento. “Em razão disso, os pacientes podem desenvolver bolhas, calosidades ou feridas, mas podem não sentir nenhuma dor”, salienta.

A diminuição da circulação pode causar mudança na coloração e temperatura da pele e dor isquêmica, muitas vezes incapacitante. Inchaço nos membros inferiores são também mais comuns nos diabéticos em virtude do comprometimento vascular.

 

O custo do pé diabético

Os custos da saúde são cinco vezes maiores em indivíduos com diabetes e úlceras no pé quando comparados com indivíduos sem as úlceras. Uma pesquisa realizada entre 2014 e 2017 pela Universidade de Goiás, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul apontou que, em 2014, as hospitalizações de pacientes com diagnóstico de Diabetes Mellitus para procedimentos relacionados ao pé diabético custaram R$ 48,4 milhões. Na estimativa do valor, apenas os médicos diretos foram incluídos. Os custos não médicos, perda de produtividade, custos com órteses e próteses, custos de assistência domiciliar e serviços sociais para pacientes que sofreram amputação nas extremidades inferiores, não foram incluídos no estudo. “Isso significa que o impacto econômico geral do pé diabético é ainda mais significativo”, salienta Sanhudo.

 

Cuidados

Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção nas seguintes ações:

– Não andar descalço, especialmente fora de casa. O uso de calçados especiais para diabéticos – fechados, sem costura interna, com a parte da frente larga e alta e que tenham palmilhas confortáveis – são recomendados sempre que possível.

– Sempre usar meias, de preferência brancas (que facilitam a identificação de secreções), de algodão (que irritam menos a pele), com costura pouco volumosa e sem elástico (para não comprometer a circulação).

– Examinar os calçados antes de vesti-los, para certificar-se que não há nenhum objeto dentro que possa machucar o pé.

– Examinar os pés pelo menos uma vez ao dia, tanto à procura de calos e úlceras, quanto para verificar micoses e rachaduras. Em caso de diminuição da acuidade visual, peça para alguém realizar o exame.

– Em caso de sapatos novos, examine o pé a cada 30 minutos na primeira semana de uso e sempre examine os pés ao removê-los.

– Procure manter os pés hidratados para evitar rachaduras cutâneas e infecções secundárias.

– Não tentar retirar calos, limpar úlceras ou cortar as unhas sozinho.

 

Sobre a ABTPé

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil. Também tem a responsabilidade de esclarecer a população sobre os temas relacionados à especialidade.

A ABTPé está à disposição para informações e entrevistas sobre a saúde e cuidados com os tornozelos e pés, trazendo esclarecimentos sobre diversos temas, como acidentes nos esportes com lesões, acidentes domésticos com lesões, deformidades, pé diabético, cuidados com o uso de saltos altos, joanetes, fascite plantar, cirurgia plástica nos pés, esporão do calcâneo, calos e calosidades, metatarsalgia, neuroma de Morton, gota, artrite, entorse, fraturas, entre outros.

 

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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