Por Renan Farah, advogado pós-graduado em Ciências Criminais e Direito Constitucional
O fim de ano é sempre um período de grande expectativa para o varejo. As compras de Natal e Ano Novo aquecem o mercado, gerando um aumento significativo na demanda. Para atender a esse fluxo, muitos lojistas recorrem à contratação de trabalhadores temporários. Essa prática, além de essencial para o atendimento, representa uma oportunidade para profissionais que buscam recolocação ou renda extra. No entanto, ela exige cuidado e responsabilidade para evitar problemas futuros.
A contratação de temporários no Brasil é regulamentada pela Lei 6.019/1974, atualizada pela Lei 13.429/2017. Essa legislação estabelece que o contrato temporário deve atender a necessidades transitórias, como o aumento extraordinário de demanda, e pode durar até 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias.
Além disso, o vínculo deve ser formalizado por meio de uma empresa de trabalho temporário devidamente registrada no Ministério do Trabalho. Isso garante que os direitos do trabalhador, como férias proporcionais, 13º salário, descanso semanal remunerado e horas extras, sejam respeitados.
Para os varejistas, é fundamental observar alguns pontos:
- Clareza nos termos contratuais: O contrato deve detalhar as funções, carga horária e remuneração do trabalhador.
- Intermediação correta: A contratação deve ser feita por empresas autorizadas, o que evita irregularidades.
- Respeito aos prazos legais: Exceder o limite de tempo pode caracterizar vínculo empregatício permanente.
- Garantia de direitos trabalhistas: Não cumprir com os direitos previstos pode gerar ações judiciais e multas.
Erros Que Podem Custar Caro
Alguns casos recentes reforçam os riscos de não seguir a legislação. Uma grande rede varejista foi multada por contratar trabalhadores temporários sem registro formal, o que resultou em ações trabalhistas e danos à reputação da marca. Outro caso envolveu uma empresa que utilizava contratos temporários para funções regulares, configurando fraude e levando a altos custos legais.
Esses exemplos mostram como a negligência em relação às regras pode trazer prejuízos financeiros e comprometer a imagem da empresa.
Além de evitar problemas legais, a contratação de temporários de forma correta é um diferencial competitivo. Empresas que respeitam as normas e tratam seus colaboradores com dignidade fortalecem sua reputação no mercado, fidelizam consumidores e criam um ambiente de trabalho positivo.
No varejo, especialmente, a eficiência e a qualidade no atendimento são fatores determinantes para o sucesso. Contar com uma equipe temporária bem contratada e motivada é fundamental para atender às expectativas dos consumidores em um período tão crítico.
A contratação de temporários no fim de ano é mais do que uma necessidade: é uma oportunidade de reforçar a equipe, garantir bons resultados e contribuir para o mercado de trabalho. No entanto, exige planejamento e responsabilidade.
Seguir as regras, oferecer condições justas e valorizar os profissionais temporários não é apenas uma obrigação legal, mas também um passo para construir um negócio mais forte e confiável. Afinal, um bom varejista não pensa apenas no presente, mas no futuro que deseja construir.




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