2 de maio de 2024

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Como monitorar a qualidade do ar em salas de aula?

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Por Solange Costa

A Qualidade do Ar Interior (QAI) é um tema que tem sido discutido no mundo todo, e ganhou maior notoriedade principalmente depois da pandemia. A literatura científica vem analisando vastamente a susceptibilidade dos alunos às condições ambientais internas em espaços de alta ocupação e seu potencial efeito na saúde e bem-estar dos estudantes. 

Em meio a dificuldades crescentes sobre este tema, cada vez mais a qualidade do ar interno (QAI) vem sendo compreendida como um dos fatores determinantes para o desenvolvimento no processo de aprendizagem e desempenho acadêmico, assim como para a melhor produtividade dos alunos – algo que, para ser atingido, precisa ser constantemente monitorado através de mecanismos robustos que tragam todos os dados precisos referentes aos fatores essenciais de serem analisados para a saúde dos jovens e profissionais que ficam confinados nesses ambientes.

Muitas escolas carecem de ar condicionado. A má qualidade do ar interior e sistemas de ventilação inadequados ou mal utilizados são comuns nas instituições de ensino de todo o planeta. Certos poluentes, geralmente, são encontrados em níveis mais altos dentro de prédios escolares do que em residências e prédios comerciais. A má qualidade do ar interno está ligada a uma gama de problemas de saúde, desde tosse e respiração ofegante, até condições mais graves, como asma e câncer.

No Brasil, é estimado que os alunos do ensino fundamental tenham uma carga horária média de 4,5 horas de estudo por dia. Na educação infantil, esse tempo é ainda maior, passando para cerca de 5,8 horas diárias, de acordo com dados divulgados pelo site Todos pela Educação. Garantir que todos assimilem os conteúdos passados com clareza é, por si só, uma tarefa difícil para os professores – o que tende a piorar em locais que não trazem o conforto, uma estrutura adequada, e um bom funcionamento dos sistemas de ventilação – fatores que aumenta os desafios do educador em sala de aula.

Dentre tantas ações responsáveis por elevar esse desempenho, uma pesquisa feita pela Universidade Técnica da Dinamarca identificou que ambientes de ensino que prezem pela QAI apresentam um aumento nos ganhos de performance dos alunos de 14,5%. Um cuidado indiscutivelmente necessário, mas que ainda não é devidamente colocado em prática em diversas escolas e, principalmente, adequado perante os parâmetros estabelecidos pela Resolução 09 da ANVISA – vigente no Brasil desde 2003.

Um dos maiores problemas encontrados nas instituições de ensino diz respeito à baixa renovação de ar, o qual temos como principal indicador o parâmetro Dióxido de Carbono (CO2). Ele pode ser utilizado como uma boa estratégia de baixo custo para garantir uma boa qualidade do ar em ambientes escolares, pois de acordo com a Resolução citada, deve ter o valor máximo de 1000 ppm (partes por milhão) em ambiente interno. Em locais que não investem em sistemas de ventilação adequados, tanto o CO2, quanto outros poluentes do ar interno/externo, incluindo fungos, material particulado, fumaça, compostos orgânicos voláteis, entre outros, podem se acumular ainda mais, o que impacta, diretamente, na redução de rendimento escolar dos alunos, e em outros desgastes físicos como maior cansaço e dores de cabeça.

Outro alerta com a má QAI nos locais de ensino abrange a concentração de infecções causadas por vírus, fungos e bactérias, algo que ficou muito evidente com a pandemia da Covid-19. Em ambientes com uma grande concentração de pessoas e, principalmente, em períodos de inverno em que os ambientes ficam fechados e com pouca circulação de ar, esta incidência se torna ainda mais recorrente, podendo desencadear diversos problemas de saúde graves para todos os ocupantes.

Quando identificamos e controlamos as principais variáveis que podem influenciar a qualidade do ar em ambientes internos, podemos implantar mecanismos de controle da qualidade do ar. A melhor maneira de avaliarmos se uma ação tomada para controle ou tratativa foi realmente eficaz, se dá pela análise dos principais poluentes no ar. A Resolução 09 da ANVISA dispõe de quatro normas técnicas, que são elas:

NORMA TÉCNICA 001 – Que tem como marcador epidemiológicos Fungos viáveis.

NORMA TÉCNICA 002 – O marcador utilizado é o Dióxido de carbono (CO2).

NORMA TÉCNICA 003 – Os marcadores são: Temperatura do ar (°C), Umidade do ar (%) e Velocidade do ar (m/s).

NORMA TÉCNICA 004 – Poeira Total (µg/m3).

A recomendação dessa resolução é que a periodicidade das análises preconizadas nas normas técnicas (1, 2, 3 e 4) em ambientes internos climatizados seja realizada semestralmente.

Outro ponto importante que vale ressaltar é a seleção de um laboratório acreditado junto à Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro), o único órgão de acreditação reconhecido pelo Governo Brasileiro para acreditar Organismos de Avaliação da Conformidade na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017 – a qual contempla Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. O laboratório acreditado nesta instituição vai garantir a confiabilidade dos resultados de ensaios realizados.

Apesar deste tema já estar ganhando forte relevância no mercado – principalmente, em decorrência dos impactos sentidos com a pandemia – muitas escolas precisam evoluir muito nessa questão. Manter uma boa ventilação do ambiente é uma estratégia de baixo custo para a redução da maioria dos contaminantes em ambientes internos. Contudo, devemos garantir que o ar de renovação apresente níveis aceitáveis de contaminantes.

Portanto, monitorar a qualidade do ar interno e manter um bom funcionamento dos sistemas de ventilação estão intimamente relacionados com a boa qualidade do ar interior e, consequentemente, com o conforto humano e a segurança da saúde. Somente assim será mantido um bom desempenho, diminuição no absenteísmo e maior produtividade dos alunos, missão tão primordial para os educadores que almejam promover uma educação de excelência e qualidade.

Abordando a fundo este tema, a Brasindoor irá realizar um evento presencial no Senac Tiradentes, no dia 27 de julho, das 08h às 17h, contando com diversos especialistas do ramo em um cronograma de palestras sobre como promover essa gestão corretamente. As inscrições estão abertas no link a seguir: https://forum.brasindoor.com.br/

 

Solange Costa é bióloga, microbiologista e membro da Qualindoor.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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