O recorde negativo foi registrado em meio à pandemia — em julho de 2020 — quando o rombo foi de R$ 109,6 bilhões
O governo federal registrou déficit primário de R$ 35,9 bilhões em julho, segundo o Tesouro Nacional. Desempenho que só perde para julho de 2020, quando o déficit foi de R$ 109,6 bilhões, no auge da pandemia de Covid-19. A pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda já indicava um déficit de R$ 6 bilhões, mas o valor real foi quase seis vezes maior.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as contas federais registraram déficit de R$ 78,246 bilhões. Para o professor de economia da FAAP de São Paulo, Sillas de Souza Cézar, existem algumas razões para o rombo. A primeira delas é a comparação com o resultado do ano anterior — no acumulado de janeiro a julho de 2022, havia sido registrado superávit de R$ 78,8 bilhões.
“Foi um período onde houve inflação e quando há isso, o governo se beneficia. Ele acaba conseguindo arrecadar um pouco mais, ele consegue ter um peso menor sobre as contas que tem que pagar. Em períodos em que tem mais inflação o governo consegue arrecadar melhor. O que não se verificou neste último ano.”
O professor ainda cita outros motivos para o desbalanço deste resultado.
“No ano passado, muita gente com medo do novo cenário de mudanças políticas, acabou antecipando a aposentadoria. Soma-se a tudo isso o aumento de gastos previdenciários e reajustes de programas como o Bolsa Família. Mas esse déficit já era previsto pelo Ministério, só veio maior do que se previa.” analisa o professor.
O economista Luigi Mauri diz que a justificativa do governo sobre a queda nas receitas tem fundamento.
“De fato, procede a justificativa que foi dada pelo secretário do Tesouro Nacional acerca da desoneração de alguns setores da economia. E o destaque vai para a desoneração que sofreu no setor de combustíveis, não só no governo atual, isso acontecia desde o ano anterior.”
Então, qual a solução?
O subsecretário de Planejamento Estratégico da Política Fiscal, David Athayde, atribui a forte queda na receita a “fator pontual” gerado por receitas com petróleo em 2022. Para o próximo semestre, Athayde diz esperar efeito positivo com a reoneração de combustíveis.
O professor Sillas ainda cita outras medidas que devem ser tomadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que devem melhorar a arrecadação nos próximos meses.
“Ele tem negociado diversas frentes de recuperação de impostos e tributação a setores que não são historicamente tributados como devem. Tributação de setores novos, como o setor de apostas, que tá surgindo, e uma melhor tributação em alguns outros campos que pagam pouco imposto, como setor bancário, por exemplo.”
Previsão para 2024
O governo federal vem mantendo a meta de déficit zero, ou seja, igualar receitas e despesas. Para conseguir cumprir a meta, será preciso arrecadar mais. Segundo a Ministra do Orçamento e Gestão, Simone Tebet, de acordo com o encontro de contas serão necessários R$ 168 bilhões em receitas para que isso seja alcançado. Parte desse valor ainda depende de projetos que tramitam no congresso.
Os economistas até acreditam que a economia tome fôlego, mas não são tão otimistas como a equipe econômica do governo. Para este ano, o mercado deve pressionar o governo para que esse equilíbrio aconteça, como analisa o pesquisador em economia, Felipe Queiroz.
“Essa pressão sobre o governo para manter o superávit primário vai se intensificar nos próximos meses porque senão haverá um aumento da preocupação, principalmente do mercado financeiro quanto à capacidade de honrar os compromissos.”
Fonte: Brasil 61
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Doações arrecadadas em Americana chegam às vítimas de enchentes no RS
Brasil domina comércio com China na América Latina
Roubos de credenciais desviam 15 milhões da União