Estudos recentes revelam que o câncer de boca, antes raro em adultos jovens, dobrou nas últimas décadas, tornando-se o quinto tumor mais prevalente em homens com menos de 45 anos
Um alerta para a saúde bucal: o Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta um aumento significativo no número de casos de câncer de boca em adultos jovens. O índice, que estava entre 3% e 5% nas décadas de 1970 e 1980, registra 10% nos últimos anos, ocupando a quinta posição entre os tumores mais frequentes em homens com menos de 45 anos; são mais de 11 mil casos no Brasil em 2022.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos casos estão associados ao tabagismo. Além do cigarro, o consumo excessivo de álcool também é um fator de risco para o surgimento da doença. A combinação desses dois elementos potencializa os efeitos nocivos, explica Nelson Eguia, presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul.
O cigarro contém substâncias, como a nicotina, que causam irritação na mucosa, língua, bochecha e gengiva, e quando essa irritação é crônica, pode levar à formação de lesões pré-cancerígenas. Segundo o Dr. José Vartanian, fumantes apresentam um risco até 25 vezes maior de desenvolver câncer de boca, enquanto o consumo diário de pelo menos duas doses de destilados eleva esse risco em até dez vezes.
Outros fatores não devem ser negligenciados
O câncer de boca é uma doença preocupante, considerando que 50% dos casos são diagnosticados em estágios avançados, conforme informações do Instituto Nacional do Câncer. É indispensável evitar os principais fatores de risco, como exposição solar contínua, má higiene bucal e alimentação pobre em nutrientes. Além disso, o vírus HPV pode estar relacionado a alguns casos da doença, por isso recomenda-se o uso de preservativo durante o sexo oral.
Tratamentos para câncer de boca
Geralmente, a cirurgia é o primeiro tratamento indicado. O cirurgião de cabeça e pescoço, com auxílio de exames complementares, faz uma avaliação do tipo de tumor e estágio para definir o procedimento mais adequado. A cirurgia pode envolver a remoção do tumor e, em alguns casos, de tecidos adjacentes, para garantir que todas as células cancerígenas sejam retiradas.
A avaliação de um paciente com câncer de boca não se restringe aos oncologistas. Uma equipe multidisciplinar, composta por clínico geral, cirurgião plástico, profissionais formados na faculdade de fonoaudiologia e outros especialistas, é fundamental para garantir um tratamento completo. A equipe trabalha em conjunto para minimizar os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Em alguns casos, a cirurgia pode não ser possível. Nesses casos, a radioterapia e a quimioterapia são as principais opções de tratamento. A radioterapia usa feixes de radiação diretamente na região do câncer para destruir as células da doença, enquanto a quimioterapia consiste em medicamentos para atacar as células cancerígenas em todo o corpo.
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