28 de abril de 2024

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Câncer de Ovário: tumor silencioso, agressivo e de alta mortalidade

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Artigo do oncologista Leonardo Silva

O câncer de ovário acomete mais de 300.000 mulheres anualmente em todo o mundo. No Brasil, é o oitavo câncer mais frequentemente diagnosticado, responsável por 7.310 novos casos a cada ano segundo a estimativa do Instituto Nacional do Câncer para o triênio 2023-2026. A despeito de sua colocação em incidência de novos casos, o câncer de ovário está associado à maior taxa mortalidade entre os cânceres ginecológicos. No Brasil, no ano de 2020 ocorreram quase 4.000 mortes por câncer de ovário. Em todo o mundo, mais de 207.000 mulheres morrem a cada ano em função da doença.

 

Diante desse quadro, fica clara a importância do dia 8 de maio, como o Dia Mundial do Câncer de Ovário. Essa iniciativa tem o objetivo de lançar luz ao problema e atrair a atenção da sociedade, dos profissionais de saúde e dos governantes, para que unam esforços na luta contra o câncer de ovário.

 

A elevada mortalidade associada ao câncer de ovário se deve, em grande parte, ao fato de que a maioria dos casos é diagnosticada em estádios mais avançados. Sabemos que, a chance de cura do câncer é maior quando ele é diagnosticado quando a doença ainda está localizada ao órgão de origem. Dados brasileiros revelam que em 67% dos casos, o câncer de ovário é diagnosticado em estádios mais avançados, chamados III e IV. Um dado bastante alarmante! Colocando em perspectiva, apenas 29% das mulheres com diagnóstico de câncer de ovário avançado sobrevivem até os 5 anos após o diagnóstico.

 

Em primeiro lugar, precisamos chamar a atenção para o fato de que, ao contrário do câncer de mama e do câncer de colo uterino, não dispomos de exames de rastreamento para o câncer de ovário. Diversos estudos já foram conduzidos avaliando diferentes métodos de rastreamento, como o exame físico pelo ginecologista, a ultrassonografia e um exame de sangue chamado CA125 (um marcador tumoral, que pode ou não ser produzido em excesso pelo câncer de ovário). No entanto, nenhuma dessas estratégias foi capaz de diagnosticar precocemente o câncer de ovário, de forma eficaz. Sendo assim, o diagnóstico na grande maioria das vezes é feito em mulheres com sintomas da doença.

 

Aqui se coloca a segunda questão importante. O câncer de ovário, na maioria das vezes, não causa sintomas nos seus estádios iniciais, o que faz com que as mulheres sintomáticas tenham uma grande chance de apresentarem a doença mais avançada. Além disso, os sintomas associados ao câncer de ovário são inespecíficos e podem ser confundidos com outros problemas de saúde. Isso faz com que as mulheres não suspeitem inicialmente da doença e acabem atrasando a procura pelo profissional de saúde.

 

Os sintomas mais comumente relatados pelas pacientes são:

  • Aumento de volume do abdome
  • Dor abdominal/pélvica (região inferior do abdome)
  • Sensação de empachamento, dificuldade para se alimentar
  • Fadiga
  • Sintomas urinários: aumento da frequência das idas ao banheiro, sensação de urgência para urinar

 

Assim, é importante reforçar o conhecimento sobre esses sintomas e a necessidade de buscar atendimento médico caso se instalem e sejam persistentes. O cenário está mudando muito rapidamente e para melhor. Diversos tratamentos estão sendo testados em câncer de ovário, como a imunoterapia, vacinas, conjugados anticorpo-quimioterapia, terapia gênica, entre outros. Os avanços no desenvolvimento de novas terapias cada vez mais eficazes, partindo de um melhor entendimento da doença, bem como campanhas de conscientização sobre o câncer de ovário, como o Dia Mundial do Câncer de Ovário, são peças fundamentais para que possamos melhorar o prognóstico da doença, melhorando as chances de cura e mantendo a qualidade de vida das mulheres.

 

*Leonardo Silva é oncologista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais. É Mestre e Doutor em Oncologia Mamária e membro do Grupo SOnHe. Atua no Caism/UNICAMP, no Radium – Instituto de Oncologia, no Hospital Santa Tereza, no Hospital Madre Theodora e no Hospital PUC-Campinas.

 

Sobre o Grupo SOnHe

O Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Radium Instituto de Oncologia e Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, e na Santa Casa de Valinhos.  O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 13 especialistas sendo cinco deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do Grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani, Débora Curi, Isabela Pinheiro, Amanda Negrini e pelas hematologistas Lorena Bedotti e Jamille Cunha. Saiba mais: no portal www.sonhe.med.br e nas redes sociais.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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