19 de maio de 2024

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Cancelamento: rejeição afeta mesma área do cérebro que dor física

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Estudo mostra como a exclusão social, inclusive virtual, pode causar respostas doloridas para o ser humano

Ser excluído na brincadeira ou ser cancelado nas redes sociais? A rejeição é temida desde sempre pelo ser humano, mas recentemente um estudo comprovou que a área do cérebro ativada nestes casos é a mesma que a dor física. Telma Abrahão, especialista em neurociência e traumas, comenta essa conexão e explica as conclusões do experimento.

“O Cyberball Experiment é um estudo que investiga os efeitos psicológicos da exclusão social por meio de um jogo de computador. Na conclusão do estudo, os pesquisadores observaram que a rejeição, mesmo que virtual, pode causar uma variedade de respostas emocionais e comportamentais negativas nas pessoas que são excluídas”, comenta.

Sentimentos de angústia, tristeza, raiva e até mesmo comportamentos compensatórios, como o desejo de se reconectar com os outros ou a busca por formas de restaurar a sensação de pertencimento podem surgir na infância, em situações de rejeição, mas também podem refletir na vida adulta, permanecendo como gatilho emocional.

“Esses resultados destacam a importância do pertencimento social e da interação humana para o bem-estar psicológico e emocional das pessoas. No estudo foram identificadas diversas áreas do cérebro envolvidas que traduzem a complexidade das respostas à exclusão social, envolvendo tanto aspectos emocionais quanto cognitivos, e fornecem um entendimento maior sobre os mecanismos neurais subjacentes a essas experiências”, afirma a especialista.

Estudos, como o Cyberball Experiment, demonstram que as áreas do cérebro ativadas durante a exclusão social são semelhantes às ativadas durante a experiência de dor física.

  • Córtex Cingulado Anterior (CCA): esta região está associada ao processamento emocional e à regulação da dor social, mostrando atividade aumentada quando uma pessoa se sente excluída.
  • Ínsula: área envolvida na percepção e na experiência emocional, sendo ativada durante situações de exclusão social, possivelmente relacionada à sensação de rejeição.
  • Córtex Pré-frontal Medial (CPFm): desempenha um papel crucial no processamento cognitivo e na regulação emocional, sendo ativada durante a exclusão social para avaliar e regular as respostas emocionais.
  • Núcleo Accumbens: Este núcleo está envolvido no processamento de recompensa e motivação, mostrando atividade reduzida em resposta à exclusão social, o que pode contribuir para sentimentos de desânimo ou desmotivação.

Para Telma, essa ligação pode explicar por que a rejeição social pode ser tão emocionalmente dolorosa e por que algumas pessoas lidam melhor e outras sentem mais. “Assim como buscamos alívio para a dor física, também buscamos alívio para a dor emocional da exclusão social, procurando reconexão social ou outras formas de restaurar nosso senso de pertencimento. Portanto, entender essa semelhança nos ajuda a apreciar melhor a importância das relações sociais para nossa saúde mental e emocional”, conta.

Portanto, seja na internet ou na vida real, ser excluído dói. Para os pais, é importante acolher essa dor e ser o lugar de desabafo. “Não é possível evitar que isso aconteça, mas a segurança que as pessoas mais próximas passam, o sentir-se amado mesmo tendo sido ‘cancelado’ por outras pessoas pode fazer com que o corpo também reaja de forma diferente e supere mais rapidamente”, aconselha.

Além disso, pesquisas mostram que os mesmos neurotransmissores envolvidos na modulação da dor física, como a endorfina, também estão envolvidos na regulação da dor social. Isso significa que os mecanismos neuroquímicos que nos ajudam a lidar com a dor física também desempenham um papel na maneira como lidamos com a dor emocional da exclusão social.

Telma Abrahão @telma.abrahao

Mãe de 2, biomédica, especialista em Neurociências e desenvolvimento infantil e uma das pioneiras no Brasil a unir ciência à educação dos filhos. Idealizadora da Educação Neuroconsciente, que ‘nasceu’ da necessidade de levar o conhecimento sobre a neurociência por trás do comportamento infantil para mães, pais e profissionais da saúde e da educação. Telma Abrahão é autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência” e lança seu terceiro livro “Revolucione a relação com seus filhos em 21 dias”. Seus livros são vendidos em mais de 15 países e ajudam milhares de pessoas ao redor do mundo a se reeducarem para melhor educar. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas da Amazon com o objetivo de abordar temas que ajudam os pais a lidarem com os desafios na educação dos filhos.

(Os comentários são de responsabilidade do autor, e não correspondem à opinião do SB24Horas)
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